Mauá lança extensão comunitária com foco em impacto social
Programa aproxima estudantes de organizações e grupos sociais parceiros, prioriza projetos reais e aprendizagem na prática
O Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) deu início ao componente Projeto de Extensão Comunitária (PEC), oferecido aos estudantes do segundo semestre do primeiro ano. O programa busca aproximar da sociedade os estudantes e o corpo docente, no exercício de aprender como contribuir com os esforços e lutas de diferentes grupos por uma vida mais digna. Para isso, os alunos trabalharão com organizações e grupos mais vulneráveis para cocriarem soluções a partir de um diálogo horizontal, que parte não apenas do reconhecimento dos conhecimentos e valores desses grupos, como também daquilo que eles entendem como suas demandas ou urgências.
Alinhada à diretriz do MEC sobre a curricularização da extensão (2018), a extensão comunitária vai além do cumprimento legal: integra ensino e pesquisa à transformação social, em consonância com a missão da Mauá, e prepara profissionais para atuarem também com movimentos sociais, comunidades, ONGs, organismos multilaterais, governos e poder público em geral.
No Projeto de Extensão Comunitária (PEC), cada turma atua com um parceiro específico, numa metodologia que pressupõe quatro passos principais: a construção de vínculos e identificação das potências locais; o sonho de outras realidades possíveis, melhores para os grupos, e a construção de projetos de atuação; a implementação participativa dos projetos e, por fim, a avaliação crítica e a celebração do caminho trilhado.
Como explica o professor Cristiano Cruz, docente responsável pelos PECs no Instituto, esse processo fortalece habilidades de diálogo, reconhecimento de saberes locais e aplicação do conhecimento acadêmico e não acadêmico em contextos diversos. Dessa forma, a proposta dos projetos amplia horizontes acadêmicos, leva novas perguntas para a sala de aula e para o laboratório e gera impacto para as comunidades envolvidas.
“Um equívoco comum é confundir extensão comunitária com caridade. Não se trata de ‘levar o que temos de sobra’, mas, primeiramente, de aprender. O passo central é aprender com as comunidades, reconhecer suas vozes e potências e incorporar suas demandas no processo de construção de soluções, sempre na perspectiva do empoderamento dos grupos e da transformação da realidade vivida por eles”, afirma.
Parcerias e frentes de atuação
Cristiano Cruz é o docente responsável pelos Projetos de Extensão Comunitária da Mauá.A rede de parceiros inclui organizações da sociedade civil e do poder público, como apoio a refugiados em São Paulo (ONG ADUS); CCAs (Centros para Crianças e Adolescentes) administrados pela UNAS Heliópolis, pela Arca e pelo Bompar; Escola O Semeador (São Caetano); SEFRAS (população em situação de rua); cooperativa de catadores Recifavela (Vila Prudente); ETECs de Heliópolis e São Bernardo do Campo; ONG Teto; ONG Prato Verde Sustentável (Zona Norte). Na extensão comunitária, mas fora dos PECs, encontram-se outras iniciativas; por exemplo, com a aldeia indígena no Pico do Jaraguá, além de projetos de design e reavivamento cultural e de cooperação com Amigos do Bem. Em algumas dessas frentes da extensão comunitária, são desenvolvidas parcerias com entidades como o Inova Mauá, a Enactus e a Mauá Jr.
“Reconhecer o nosso lugar de privilégio não deve gerar culpa, mas responsabilidade. A partir dele, podemo-nos associar às comunidades na busca por melhores condições de vida, em frentes que vão da inclusão social aos desafios ambientais”, complementa Cruz.
Com o programa, o trabalho de estudantes e docentes desloca o foco da tecnologia como fim em si para a tecnologia a serviço das comunidades: a identificação das demandas vem primeiro e, então, as soluções são construídas, integrando, quando necessário, o conhecimento técnico aos contextos encontrados. Assim, a extensão comunitária cumpre três dimensões fundamentais na missão da Mauá:
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diálogo e aprendizagem com comunidades vulneráveis, valorizando seus saberes e modos de vida;
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transformação social e estrutural para além do assistencialismo, promovendo o empoderamento de organizações e grupos;
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responsabilidade social, reconhecendo o nosso lugar de privilégio e utilizando-o para promover equidade e justiça.
“A extensão comunitária não significa despejar o conhecimento da universidade sobre a sociedade, mas ampliar horizontes epistemológicos, integrando saberes diversos e fertilizando a própria produção acadêmica. É nesse diálogo que formamos estudantes mais críticos, versáteis e preparados, capazes de pensar ‘fora da caixa’ e propor soluções inovadoras e socialmente relevantes”, finaliza o professor.
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