edição 87 - Novembro de 2017
Pesquisa do Instituto Mauá de Tecnologia revela avanços no desempenho do etanol
Eng. Renato Romio reitera que o objetivo do estudo é mostrar que a relação de consumo de etanol e gasolina pode ser diferente de 70%.
De janeiro a julho deste ano, o Instituto Mauá de Tecnologia acompanhou a relação média de desempenho entre o etanol e a gasolina em veículos de diferentes categorias. Os dados dessa pesquisa foram publicados no estudo Análise Estatística de Desempenho e Performance de Combustíveis, desenvolvido pelo Instituto Mauá de Tecnologia, com o apoio da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
Os modelos de veículos utilizados na pesquisa foram definidos de acordo com sua popularidade nos segmentos: Popular 1.0, Sedan Médio, SUV e Popular 1.6. Os carros circularam repetidamente em percursos urbanos de 27km e rodoviário de 30km. Cada um desses circuitos foi repetido 15 vezes. Os trajetos foram definidos seguindo o padrão de testes e análises já realizados pelo Instituto Mauá de Tecnologia em vias.
Segundo o professor Renato Romio, chefe da Divisão de Motores e Veículos do Instituto Mauá de Tecnologia, o objetivo do estudo é mostrar que a autonomia apresentada pelos veículos em uso real pode ser diferente do valor mencionado na etiquetagem veicular, com base em testes de laboratório. Romio esclarece que esse fato também acontece em outros países uma vez que essas verificações realizadas em laboratórios não reproduzem as condições de operação cotidiana dos veículos na totalidade.
O Instituto Mauá de Tecnologia acompanhou a relação média de desempenho entre o etanol e a gasolina em veículos de diferentes categorias.
Avaliado por meio de análise estatística, o desempenho médio do etanol comum em relação à gasolina comum, que contém 27% de etanol anidro, para os modelos de veículos testados variou de 70,7% a 75,4%. Como referência, os valores encontrados para os mesmos modelos de veículos no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) foram, respectivamente, 66,7% e 72,1%.
"Vale lembrar que o PBEV utiliza como padrão a gasolina com 22% de etanol anidro; este é mais um ponto que reforça a diferença que pode haver na autonomia dos veículos em vias públicas", destaca Romio.
A relação que se conhece hoje (de 70%) leva em conta o poder calorífico do etanol em relação à gasolina. Mas, segundo o Instituto Mauá de Tecnologia, outras características do funcionamento dos motores devem ser levadas em conta, como o fato de o motor ser mais exigido em alguns percursos do que no circuito utilizado nos testes de laboratório.
"A maioria dos motoristas faz a conta considerando o preço somente na hora do abastecimento, quando, na verdade, também deveria avaliar a autonomia do veículo com os dois tipos de combustível. Essa relação pode ser diferente de 70%; em nosso estudo, por exemplo, houve casos em que a relação de paridade entre etanol e gasolina comercial chegou a 75,4%; uma diferença considerável". Esse valor tende a variar de acordo com a evolução técnica dos motores flex, percurso do veículo, a forma de dirigir e, também, em função do teor de etanol na gasolina, que é preestabelecido pelo governo. É importante que o motorista conheça a conta do seu carro, no seu caminho diário. Queremos provocar o consumidor a considerar esses aspectos e fazer sua conta para poder tirar o maior benefício econômico possível", destaca Romio.
Para controlar as diferenças entre os perfis de condução de cada motorista, foram adotados alguns procedimentos para permitir que os veículos fossem testados em condições similares. Antes do início do ensaio de cada modelo, foram realizadas verificações e substituições, como recirculação e descarga de combustível (flushing), instalação do medidor do consumo de combustível, balanceamento das rodas e calibração dos pneus, substituições de filtro de combustível, óleo lubrificante e troca de filtro de ar do motor, entre outras. Os veículos também rodaram preliminarmente com o mesmo tipo de combustível para verificar, dessa forma, as condições de igualdade do teste.