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O avanço da Engenharia de Controle e Automação e as oportunidades no Brasil
Alunos de Engenharia de Controle e Automação são premiados no Summer Challenge 2011 por seus projetos em robótica
No passado, a infraestrutura de uma fábrica era constituída de prédio, máquinas e ferramentas tradicionais, tais como: tornos e fresadoras. A maior parte do trabalho era realizada por operadores treinados que faziam praticamente todas as tarefas envolvidas no processo de produção, como transporte de materiais e operação de máquinas. No Brasil, esse cenário começou a mudar no final da década de 1980 com a introdução de sistemas eletrônicos, mecânicos e da informática, numa verdadeira integração de tecnologias provenientes das Engenharias Mecânica e Eletrônica e da Ciência da Computação.
Nesse contexto, surge a Engenharia de Controle e Automação, presente em várias áreas de atuação do engenheiro moderno: na implementação de um sistema flexível de manufatura, na automatização de uma fábrica, no projeto de um produto como uma câmara de vídeo - que utiliza uma ampla combinação de mecânica e eletrônica - ou, ainda,na utilização de ferramentas de projeto e manufatura, assistidos por computador para gerar um produto complexo, como um automóvel.
“As máquinas estão cada vez mais inteligentes e realizam tarefas de forma autônoma, por isso, a tendência na área de Controle e Automação é a pesquisa e o desenvolvimento da Robótica. Hoje, os robôs são o que os computadores eram na década de 1970; daqui a 30 anos estarão no auge, todos terão um”, afirma o coordenador do curso de Engenharia de Controle e Automação do Instituto Mauá de Tecnologia, Prof. Dr. Eduardo Cabral.
No Brasil, os robôs já são realidade nos campi universitários e ganham fama em competições como a Summer Challenge, realizada em Campos do Jordão, em março, na qual sete robôs desenvolvidos por alunos da Mauá foram vencedores nas categorias Sumô, Combate e Hockey. Criado pela RoboCore, organização responsável por promover diversas competições de Robótica no País desde 2005.
Para o professor do curso de Engenharia de Controle e Automação, Anderson Harayashiki Moreira, responsável pela orientação dos projetos, o resultado foi excelente. “É muito importante que os alunos possam colocar em prática o aprendizado adquirido na Instituição. A Mauá faz questão de apoiar e incentivar a participação de seus alunos nesse tipo de competição”, afirma Anderson.
No Brasil, entretanto, ainda não há nenhuma empresa que fabrique robôs não industriais e as pesquisas com os “humanoides” estão restritas aos centros de pesquisas. “Estamos no começo de uma grande revolução, porém os desafios para o Brasil são grandes, já que esbarramos em processos burocráticos e entraves como impostos para desenvolver tecnologia. O que é uma pena, pois o mercado de trabalho para os engenheiros mecatrônicos é favorável”, explica o prof. Eduardo Cabral.
Mesmo assim, há oportunidades para o desenvolvimento tecnológico e aumentam para quem tem uma boa ideia, vontade e tendência ao empreendedorismo. Para o futuro, o prof. Cabral aposta na união da Neurociência com a Robótica. “Em 50 ou 100 anos será possível e rotineiro depararmos com máquinas controladas pela mente e as aplicações serão quase infinitas. Também teremos os chamados exoesqueletos robóticos como mecanismo de reabilitação da capacidade motora de pessoas com debilidade muscular ou com problemas de locomoção.”
Um dos cientistas mais famosos nessa área é o brasileiro Miguel Angelo Laporta Nicolelis, que lidera um grupo de pesquisadores da área de Neurociência da Universidade Duke (Durham, Estados Unidos). Nicolelis e sua equipe foram responsáveis pela descoberta de um sistema que possibilita a criação de braços robóticos controlados por meio de sinais cerebrais. O trabalho está na lista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) sobre as tecnologias que mudarão o mundo.
Em 23 de novembro de 2010, Nicolelis divulgou um documento de sua autoria, intitulado Manifesto da Ciência Tropical: um novo paradigma para o uso democrático da ciência como agente efetivo de transformação social e econômica no Brasil. Nele, o cientista não só sugere que o nosso País está diante de uma oportunidade única de potencializar seu desenvolvimento científico e educacional, como também propõe 15 medidas necessárias para o Brasil firmar-se como liderança mundial na produção e uso democratizante do conhecimento. No documento, Nicolelis repete a ênfase na descentralização da produção científica e na aproximação entre pesquisa e escola.
“Sem dúvida, estamos diante do melhor momento econômico brasileiro e de perspectivas tecnológicas nunca imaginadas. Porém o que vai determinar a atuação do Brasil nesse cenário será o investimento em pesquisa e a desburocratização”, conclui o coordenador do curso de Engenharia de Controle e Automação da Mauá, Prof. Eduardo Cabral.
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