edição 21 | Maio de 2011    

Sinalização viária, tecnologia e segurança são fundamentais para a redução do número de acidentes envolvendo motociclistas


Muitos acidentes envolvendo motocicletas poderiam ser evitados com mais investimento em tecnologia e melhorias na sinalização viária

De acordo com o complemento do estudo Mapa da Violência 2011 do Instituto Sangari, em dez anos o número de motociclistas mortos em acidentes de trânsito no Brasil aumentou 754%, de 1.047 em 1998 para 8.939 em 2008. Segundo o Centro de Experimentação e Segurança Viária (CESVI), a motocicleta é atualmente o veículo mais relacionado com acidentes. Para se ter uma ideia clara do que isso significa, uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) sobre custos de acidentes revelou que 71% dos acidentes com motos envolvem feridos que necessitam de cuidados hospitalares; no caso de outros veículos, essa proporção cai para 7%.

O pesquisador responsável pelo estudo do Instituto Sangari, Júlio Jacobo, atribui o aumento da mortalidade de motociclistas ao crescimento da frota na última década, que foi de 368,8%. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), em 2008 foram emplacadas 1.879.695 motocicletas no Brasil. “Há 30 anos, as motos representavam uma parcela praticamente insignificante do total de veículos. Eram vistas como artigo de luxo, inacessível à maioria da população. A partir da década de 1990, houve a popularização das motocicletas.”

Dados do Departamento Nacional de Trânsito revelam que, em 1970, apenas 2,4% de um total de 2,6 milhões de veículos eram motocicletas. Em 2008, o número saltou para 13,1 milhões, representando 24%. “O risco de um motociclista morrer no trânsito é 14 vezes maior que o de um ocupante de automóvel. Se essa tendência continuar, em 2015 o número de mortes em acidentes de motociclistas superará o de todos os outros veículos juntos”, afirmou Jacobo.

Para Edson Shiguenori Iwamoto da Divisão de Ensaios e Análises do Instituto Mauá de Tecnologia, para que o Brasil consiga reduzir o índice de acidentes fatais com motocicletas também é preciso investir em soluções viárias e equipamentos de sinalização e de segurança. “Até hoje, a preocupação com a sinalização viária era apenas com a visibilidade, agora observamos que a segurança também começa a ser ponto fundamental. A falta de aderência nas faixas de sinalização, por exemplo, é preocupante, por isso há estudos de faixas com material abrasivo que melhora significativamente o atrito e, com isso, oferece melhor estabilidade para as motocicletas.”

Outro ponto destacado por Iwamoto é o perigo que os pilotos de motocicletas enfrentam quando há mudança de traçado das pistas. “Para cobrir a sinalização antiga é comum utilizar tinta preta que, além de confundir o condutor, diminui o atrito do solo”. Lombadas fora de padrão, trilhos, tampas de bueiro, valetas inacabadas, asfalto fresado e guard-rails não adequadamente instalados, também aumentam as chances de acidentes ou o agravamento das consequências.

Além da sinalização, investir em tecnologia mecânica também é um ponto que deve ser considerado quando o assunto é segurança. Os freios ABS, por exemplo, poderiam evitar muitos acidentes fatais. Segundo a seguradora Allianz, na Alemanha, acontecem 900 mortes de motociclistas por ano. Pelo menos 10% delas poderiam ser evitadas caso tivessem freios ABS.

Para o engenheiro Renato Romio, chefe da Divisão de Motores e Veículos da Mauá, “os freios ABS são eficientes, porém ainda muito caros. No Brasil, não temos produção local para motocicletas, o que também dificulta a instalação em motos de pequeno porte, as mais utilizadas pelos motoboys, campeões em acidentes com esse tipo de veículo”. O freio ABS numa motocicleta de grande porte pode aumentar em até R$ 15 mil o seu valor final. A grande maioria das montadoras já oferece como opcional o ABS para motos de média e alta cilindrada. Todas elas cobram, em média, R$ 3.000,00 pelo sistema.

Contudo, a sinalização viária e a tecnologia disponível nas motocicletas não bastam para garantir segurança aos pilotos. Alguns cuidados básicos listados pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) também podem diminuir os riscos sobre duas rodas: prestar atenção à via e suas condições, principalmente àquilo que possa desequilibrar o motociclista, como pista molhada e faixas escorregadias; circular sempre com o farol aceso, vestimentas e capacetes de fácil visualização; evitar a circulação entre filas de veículos.

Segundo o órgão, os locais onde mais ocorrem esses acidentes são os cruzamentos, com 54,3% das ocorrências. Os choques com automóveis leves são os mais comuns: 60% dos casos. E as maiores causas alegadas pelos motoristas entrevistados são: 36,6% - motorista não percebeu a moto; 13% - falha de decisão do motociclista antes do acidente (como não diminuir ao se aproximar de um cruzamento); 11,9% - motociclista não percebeu o outro veículo; 9,9% - falha de decisão do motorista.

O professor Renato Romio conclui que também é importante frear-se adequadamente, tendo cuidado para não travar as rodas, utilizando simultaneamente o freio dianteiro e o traseiro, fazendo uma distribuição de frenagem que não deixe a roda travar. Vale ressaltar que é o pneu dianteiro que proporciona maior eficiência na frenagem. “Todas essas medidas, em conjunto com a sinalização viária adequada, também são fundamentais para se evitar um acidente”, conclui o professor de Engenharia Mecânica da Mauá.

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