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edição 150 - Fevereiro de 2024

Mudanças na taxa Selic – como ficam os investimentos?

Professor Ricardo Balistiero, economista e coordenador do curso de Administração do IMT, explica a taxa

A taxa Selic tem passado por recentes reduções e, no início do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central estabeleceu mais um corte, passando de 11,75% ao ano para 11,25%. Mas como isso pode afetar as decisões monetárias do País e, principalmente, os investimentos?

Como explica o professor Ricardo Balistiero, economista e coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), a Selic é a taxa básica de juros definida pelo Banco Central e funciona como uma espécie de piso para as demais taxas do mercado. Além disso, ela remunera os títulos públicos de dívidas do governo. “Ela tem a função de, primeiro, balizar as taxas de mercado como piso e, segundo, demonstrar quanto vai custar para o governo assumir dívida nova por meio da emissão de títulos públicos”, afirma.

Dessa forma, a redução da taxa Selic tem como principal influência o estímulo à tomada de crédito por parte das empresas e das pessoas, tanto para investimentos quanto para consumo. “Um cenário de queda da taxa Selic é um cenário que vai propiciar, entre outras coisas, um aquecimento da economia, principalmente na virada do primeiro para o segundo semestre”, acrescenta o professor. . Professor Ricardo Balistiero, economista e coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia.

Especialmente para o investidor, é muito importante acompanhar a queda da Selic, pois muitas aplicações financeiras acabam sendo afetadas por essa diminuição. Segundo o especialista, isso também faz que haja necessidade de realocação do portfólio.

“Por exemplo, você tem uma aplicação financeira pós-fixada e ela rende à taxa Selic. Se ela estiver baixando, há necessidade de repensar a estratégia de investimento, pois lá na frente você vai ter uma taxa menor. Você vai resgatar o investimento, portanto,  com um valor menor de correção”, ensina.

Isso vale também para fundos de investimento e outras modalidades de ativos financeiros. Assim, o investidor tem de estar sempre atento a essa taxa, evitando a perda de boas oportunidades que podem surgir no mercado.

Outro ponto importante é que, quanto menor a taxa Selic, maior é a facilidade de crédito. Com isso, segundo o professor, a expectativa é de que haverá uma atração de novos investimentos também em áreas como infraestrutura, transporte, entre outros, pois o mercado de crédito deve-se aquecer, o que só pode ser feito com uma Selic mais baixa.

“Isso deve gerar uma atração de investimentos, principalmente internacionais, interessados em participar dessas oportunidades que a economia brasileira oferece nos próximos anos”, comenta.

Além da taxa Selic, também é importante que o investidor acompanhe o ambiente político e como estão as relações institucionais do País. “É muito importante que, além da taxa básica de juros, haja um bom clima institucional, ou seja, uma harmonia entre os poderes do Judiciário, Legislativo e Executivo”.

Cuidados para investimentos

Com a taxa Selic mais baixa é natural que o investidor busque opções e ativos com um risco maior, como renda variável, bolsa de valores, fundo de ações ou alguns fundos multimercado. O economista alerta, porém, para alguns cuidados que devem ser tomados, como não tentar ganhar dinheiro de forma rápida ou canalizar a maior parte das suas reservas em ativos de maior risco.

“Muitas dessas opções exigem um nível maior de conhecimento do mercado. A renda fixa tem riscos menores e, mesmo que a remuneração seja mais baixa, pelo menos tem-se a garantia de que não vai perder o patrimônio. Então, é interessante que apenas uma pequena parcela seja alocada para investimentos de renda variável, que naturalmente crescem em momentos em que a Selic está baixando”, aconselha.

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