INFOMAUÁ Mauá
edição 112 - Maio de 2020

Nunca mais será como antes!

Artigo escrito pelo Prof. José Carlos de Souza Junior - Reitor do Instituto Mauá de Tecnologia

A pandemia da Covid-19 impôs aos cursos presenciais da educação superior um desafio que nem o mais radical defensor da implantação do Ensino-Aprendizagem Mediados por Tecnologia poderia conceber.

As aulas presenciais foram suspensas e, poucos dias depois, os campi estavam fechados — a qualidade da resposta das instituições de ensino frente à nova realidade deixo claro quais já vinham atuando na estruturação de um novo mindset em suas comunidades (corpo discente, docente e técnico-administrativo).

Prof. José Carlos de Souza Junior 
Reitor do IMT
São inegáveis a importância do engajamento da comunidade e os investimentos em infraestrutura para atender as demandas em tão pouco tempo, mas é também inegável que a qualidade da resposta está diretamente relacionada com a preexistente maturidade da comunidade (mindset) sobre o Ensino-Aprendizagem Mediados por Tecnologia – EAMT. Essa maturidade é fruto de resiliência e tempo: não há força bruta que a “conquiste” ou recurso financeiro que a “compre”.

Ressalta-se que a estratégia de EAMT adotada pelo Instituto Mauá de Tecnologia carrega em seu cerne as atividades didáticas síncronas, agora remotamente ministradas pelo seu corpo docente sendo esse um dos pontos que a diferencia da estratégia de Ensino a Distância (EaD) comumente praticada e já amplamente difundida no Brasil.

A análise dos resultados obtidos até o momento com nossos cursos deixa evidente que, mesmo com o fim da imposição do isolamento social, que mais cedo ou mais tarde certamente virá, não haverá o completo retorno à situação que vivíamos nos cursos presenciais antes da pandemia. Descrevo a seguir os três pontos que, de imediato, levam-me a fazer tal afirmação.

O primeiro ponto, e mais facilmente perceptível, está na experiência vivenciada por toda a comunidade no intenso uso da tecnologia como “meio” para o processo de ensino-aprendizagem, nunca perdendo o foco no “humano”, pois assim defendemos nossa visão do que vem a ser a transformação digital.

Do aspecto humano tem-se a ligação para o segundo ponto. As limitações do isolamento social forçam-nos a repensar nossas habilidade socioemocionais e sua importância em nossas vidas. Aspectos outrora encobertos pela frenética corrida do dia a dia, agora estão sob holofotes e o autoconhecimento recebe sua posição de destaque. Incompletas serão as instituições de ensino que insistirem somente na formação técnica do profissional, relegando os aspectos comportamentais e deixando de oferecer oportunidades para a formação do indivíduo e do cidadão.

O terceiro ponto, mais sutil que os anteriores, mas tão importante quanto, vem da releitura do que é um campus universitário. O entendimento de que o campus se estende muito além de um conjunto de salas de aulas e laboratórios bem equipados ganha força à luz das muitas ações nascidas em nossa instituição com o objetivo de combater os negativos efeitos da pandemia. Caracterizadas pela colaboração de diferentes áreas do conhecimento e pela ligação com os mais diversos atores da sociedade, essas ações explicitam o papel nexialista de nossa filosofia e tornam evidente que o principal papel do campus é oferecer o adequado “meio líquido” de conexões que culmina numa grande oferta de oportunidades. A segmentação do campus em silos herméticos mostra-se arcaica e pouco efetiva. A convivência dentro da própria comunidade e com a sociedade em geral, antes subvalorizada por sua facilidade, tende a receber mais atenção por parte de todos.

A pandemia irá acabar, os campi serão reabertos, a comunidade retornará a interagir pessoalmente, mas o ensino superior nunca mais será como antes!

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