INFOMAUÁ Mauá
edição 133 - Junho de 2022

Privatização da Petrobrás e o impacto no valor do combustível

Economista e professor do Instituto Mauá de Tecnologia explica que a medida não deve ser eficaz na redução dos custos

Petrobras Uma alternativa para a redução dos preços é a reestruturação do mercado de combustíveis no Brasil.

O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, tem reforçado a discussão sobre a possível privatização da Petrobrás e os desdobramentos que tal medida poderia trazer para a economia brasileira. Ricardo Balistiero, doutor em Administração com ênfase em Negócios Internacionais e coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), explica que a situação política atual, ainda mais complicada por ser ano eleitoral, interfere bastante nesse debate, mas que tal medida dificilmente será aceita pelo Congresso e pouco ajudaria para conter a alta de preços enfrentada.

Segundo o professor, não é possível fazer o controle do valor dos combustíveis, ainda mais num cenário de volatilidade externa e em que  o  dólar persistente  continuar em alta. “Com isso, o governo tenta tirar de sua responsabilidade o fato de ser uma estatal que define esses preços e acaba ditando o valor para os demais”, explica.

Balistiero Economista e professor do IMT, Ricardo Balistiero explica que a privatização não é o melhor caminho para a redução de custos.

Para ele, dificilmente se aprovará a privatização da Petrobrás, tanto neste governo quanto no próximo, pois os interesses por trás são muito fortes. E, mesmo num cenário em que isso seja possível, pouco mudará no bolso dos brasileiros. “Caso haja um processo de privatização da Petrobrás sem mudar a forma de participação de novos atores no mercado, simplesmente trocaremos um monopólio público por um monopólio privado, o que tornaria, talvez, o preço da gasolina ainda mais caro no Brasil. Então, privatizar por privatizar não muda nada para o consumidor final”, afirma Balistiero.

Como explica o especialista, o mercado de combustíveis está estruturado de forma que tudo se concentre predominantemente na Petrobras, principalmente a parte de refino, e vendê-la não vai trazer melhorias. “Hoje, como a Petrobras é pública, ainda é possível criar políticas para tentar segurar o preço do combustível internamente, caso venha a ter alguns picos. Porém, se for privatizada, o que vale é o lucro, e a empresa privada não tem freio com isso”, afirma.

Uma alternativa apontada pelo economista é a reestruturação do mercado de combustíveis no Brasil, assim como foi feito na parte da exploração, que deixou de ser monopólio em 1997. "O que é preciso repensar é o mercado, para trazer novos entrantes, porque, com um cenário competitivo, a Petrobras teria de ser eficiente o bastante para enfrentar novos competidores, como ela faz na outra área. Existe, então, essa necessidade de atrair empresas, para que o mercado possa funcionar de maneira mais eficiente", finaliza.

Instituto Mauá de Tecnologia - Todos os direitos reservados 2024 ©