Qual é o cenário do empreendedorismo no Brasil pós-pandemia?
Professor de Marketing Estratégico e Empreendedorismo do Instituto Mauá de Tecnologia destaca as áreas que se desenvolveram e as novas oportunidades que virão
O especialista reforça que nos momentos de crise também surgem novas oportunidades de negócios.
A pandemia impactou diretamente diversas atividades econômicas no mundo e, como se sabe, uma das áreas mais afetadas foi o varejo. Da noite para o dia, supermercados, lojas, bares e restaurantes se viram forçados a fechar ou a reduzir drasticamente seus trabalhos e, paralelamente, suas receitas. Isso ocorreu também nos setores de turismo e entretenimento, assim como em esportes e eventos, os quais ainda continuam com dificuldades. O engenheiro e professor de Marketing Estratégico e Empreendedorismo do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Afonso Braga, explica que o mercado financeiro também teve seu crescimento freado: "Essas baixas no setor são frutos do PIB negativo das principais economias e pouco dinheiro disponível para novos investimentos", aponta.
Contudo o especialista relata como é comum surgirem novos negócios e novas oportunidades nos momentos de crise: "O empreendedor é aquela pessoa movida a desafios, que busca constantemente soluções criativas para resolver problemas de mercado e, por vezes, soluções tão inovadoras que nem os clientes podem imaginar". Exemplo disso foi o surgimento do AirBnb, em 2008, e o Uber, em 2009, ambos nos EUA, logo após a crise imobiliária estadunidense de 2008.
O professor de Marketing Estratégico e Empreendedorismo da Mauá, Afonso Braga, lembra que a pandemia afetou o varejo.
"Muitas vezes no Brasil nem precisamos do 'empurrãozinho' da crise. Novos empreendedores são levados a esse caminho pela necessidade, o que pode acontecer em casos de perda de emprego, um primeiro negócio que não deu certo ou porque nunca conseguiu uma oportunidade no mercado, mas precisa ganhar a vida", explica Braga.
Segundo o Ministério da Economia, o País registrou recorde no número de novas empresas abertas em 2020, com um aumento de 6% em comparação com o ano anterior. Além disso, há destaque também para os microempreendedores individuais (MEIs), que cresceram 8,4% em relação a 2019. O professor ainda relembra que a edição 2021 da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostrou que o número de empreendedores iniciais motivados por necessidade saltou de 37,5% em 2019 para 50,4% em 2020. "Esses dados demonstram como o brasileiro tende a manter seu perfil de empreendedor por necessidade, com os setores do Comércio e Serviços respondendo por 80% dessas iniciativas".
Em julho de 2020, ainda no começo da pandemia, a Revista Forbes Brasil identificou novos negócios que surgiram durante a pandemia. Todas as iniciativas eram soluções on-line ou entregas em domicílio, que envolviam serviços e produtos, exemplificando os dados do Ministério da Economia. "Vimos surgir as mais variadas soluções para vendas on-line, soluções digitais para prestação de diversos serviços e soluções em logística para a grande quantidade de entregas em domicílio", ressalta o engenheiro.
O professor também reforça que, mesmo sendo uma área de menor visibilidade do público em geral, o Brasil despontou como referência global com novas empresas no mercado financeiro e bancos. "Temos uma grande quantidade de fintechs brasileiras – como a C6 Bank, Creditas, CloudWalk, Neon e Ebanx – que se tornaram unicórnios nos últimos anos e, assim como muitas dessas áreas apontadas, seguiram como destaque no mercado nesse período", finaliza.
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