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edição 114 - Julho de 2020

O futuro do mundo corporativo pós-pandemia

Professor de Marketing e Empreendedorismo do Instituto Mauá de Tecnologia, Afonso Braga, aponta tendências para os próximos anos

Afonso Braga, professor de Marketing e Empreendedorismo do Instituto Mauá de Tecnologia, prevê redução do número de viagens a trabalho.

É cada vez mais claro que nada mais será como antes. A chegada da pandemia deu início a transformações que provavelmente vão abalar a forma como vivemos e trabalhamos. Soluções para o grande desafio imposto pelo vírus já começam a se apresentar como um "novo normal". As mudanças, que passam por relacionamentos e hábitos de consumo, estão também impactando profundamente o mundo corporativo.

Para Afonso Braga, professor de Marketing e Empreendedorismo do Instituto Mauá de Tecnologia, o mundo corporativo pós-pandemia será diferente em muitos aspectos, e o primeiro deles é o aumento do trabalho remoto, de forma mais organizada do que temos agora.

"Está comprovado que work from home funciona;  então, muitas empresas vão rever a necessidade de alugar espaços enormes e caros para atividades administrativas que podem ser resolvidas digitalmente", explica o professor. Para estruturar essa nova rotina, será necessário desenvolver formas de medir o cumprimento da carga de trabalho não por horas de trabalho (no escritório), mas por tarefas cumpridas.

Além da possibilidade de reduzir o custo com locação de espaço, esse modelo mais flexível oferece uma oportunidade para que empresas cortem gastos com energia elétrica, mobiliário e até benefícios, como transporte e refeição.

Outra vantagem de incorporar o trabalho remoto é a possibilidade de contratar colaboradores sem se importar com sua localização. "Podemos ver uma tendência da seleção de pessoas ser calcada mais em talento, competências e atitudes do que localização física (onde mora)", indica Braga.

O fim da obrigatoriedade da presença no escritório cria o desafio de manter o engajamento dos colaboradores, uma vez que a cultura corporativa será alterada. Mas Braga acredita que poupar as pessoas de enfrentar o caos do trânsito nos grandes centros urbanos proporciona um grande ganho em qualidade de vida. Portanto, para empresas que têm como parte de seu propósito uma visão de futuro mais humana, o engajamento não será abalado.

O professor da Mauá também prevê a redução de viagens de negócio, e não por restrições impostas pelo vírus. "Os recursos digitais provaram ser capazes de resolver muitas rotinas de trabalho que antes demandavam presença física, então é provável que se reduza a necessidade de viagens ao redor do mundo pelos executivos para participar de reuniões. Isso terá, mais uma vez, impacto positivo em custos sem necessariamente afetar a 'globalização' da empresa - e ela talvez seja ampliada!".

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