Engenheira Eletrônica celebra conquistas num segmento predominantemente masculino
Ana Claudia Fattori de Andrade tem um cargo gerencial na multinacional Citrix e hoje trabalha na Costa Rica, tendo passado pelos EUA e Colômbia. Aqui, ela fala sobre sua premiada trajetória profissional, que começou na Mauá
Egressa da Mauá trilha trajetória de sucesso como Engenheira EletrônicaA chance de ter contato com todas as áreas da Engenharia durante os primeiros anos da Graduação foi fator decisivo para Ana Claudia Fattori de Andrade, formada em 2011, escolher o curso de Engenharia no Instituto Mauá de Tecnologia, o que permitiu que ela optasse pelo curso de Engenharia Elétrica com ênfase em Eletrônica. "Assim, eu poderia ter contato com áreas antes desconhecidas e decidir melhor sobre qual caminho seguir", conta. Hoje, ela é gerente de Entrega de Serviços da Citrix, empresa de software estadunidense, na Costa Rica, onde mora e trabalha desde setembro do ano passado após períodos nos Estados Unidos e Colômbia, além de viagens profissionais para Argentina e Peru. "Entrei na Citrix em 2012, por um processo similar ao de trainee. Nos seis primeiros meses, estive em Fort Lauderdale, nos EUA, recebendo treinamentos e certificações em tecnologias Citrix e Microsoft. Uma vez aprovada, escolhi a área de consultoria e viajei pelo Brasil e por outros países para a implementação dos projetos de TI, passando por três diferentes níveis de consultora: staff, sênior e principal."
Para encarar um trabalho dinâmico e que envolve tantas mudanças, Ana Claudia precisou de disciplina, algo que se orgulha de dizer que também desenvolveu durante seu período na Mauá. "Lá, eu aprendi a ter disciplina. Se você não tiver uma rotina de estudos, será muito mais difícil obter um bom desempenho. Eu não podia ter nenhuma dependência durante o curso para não perder a bolsa que recebia como monitora", lembra. Tamanho comprometimento ajudou a engenheira a não abdicar dos estudos mesmo diante de uma intensa rotina profissional. "Quando comecei as atividades como consultora, depois da minha graduação na Mauá, tinha de viajar toda semana para implementar os projetos nos sites dos clientes, e não sobrava muito tempo para voltar a estudar, apesar de eu sentir muita vontade. Na Eureka de 2014, conheci o projeto de Aerodesign do professor Joseph Saab, que me convidou para assistir às aulas dele, conhecer mais a teoria e acompanhar o andamento do projeto no ano seguinte. Esse retorno à Mauá despertou em mim aquela vontade de voltar a estudar."
Em 2016, veio uma das mudanças de país: "Fui morar em Bogotá, na Colômbia, com a minha família e a empresa aceitou fazer a minha transferência. Eu quase não falava espanhol, mas no trabalho precisava somente do inglês. Com a mudança, as viagens semanais aos clientes terminaram e eu decidi que era a hora de realizar meu sonho e voltar a estudar", conta ela, que estudou espanhol em casa todos os dias em 2016 e 2017, antes de dar início ao mestrado na Pontificia Universidad Javeriana de Bogotá, classificada pela Times Higher Education como a melhor universidade do país. "Concluí o curso em dois anos e meio e recebi o prêmio de melhor tese sendo a única mulher e única pessoa que não tinha o espanhol como língua nativa. O tema da tese foi ‘Análise do consumo médio de energia em dispositivos IoT de baixa potência com Blockchain como solução de segurança’, duas soluções (IoT e Blockchain) recentes e inovadoras no mercado", diz Ana Claudia.
Num segmento predominantemente masculino, a engenheira orgulha-se de conquistar cada vez mais espaço para outras mulheres que, como ela, lançam-se nesse mercado. "Em 2018, tornei-me a primeira mulher da minha equipe a desempenhar a função de gerente técnica e, nos últimos 3 anos, fui nomeada e recebi alguns prêmios de alto rendimento e resultados, como o Max Peck Award e o MVP (Most Valuable Professional), que têm nível global, entregues pelo vice-presidente global de Customer Success da empresa", destaca ela, que deseja ver mais profissionais femininas em sua área. "Gostaria de ver mais mulheres estudando e trabalhando em áreas dominadas por homens. Sempre que estou em algum evento de tecnologia e encontro, pelo menos, 10 mulheres numa mesma sala é uma grande alegria para mim, pois geralmente esses ambientes são dominados por homens. Nas minhas palestras sobre a dissertação do mestrado ou de seminários do Cloud Girls, gosto de frisar: "mulheres, com certeza o caminho não será fácil. Podem acreditar: eu já fui rejeitada numa entrevista de estágio no Brasil porque estavam buscando alguém do sexo masculino, mesmo eu tendo cumprido todos os requisitos da vaga. Mas, se você sente em seu coração que esse é o caminho correto, não desista. Lugar da mulher é onde ela quiser", argumenta Ana Claudia referindo-se ao projeto Cloud Girls, que começou em Bogotá. "Na minha despedida, fui convidada a apresentar o projeto da minha dissertação do mestrado e fui bem recebida por todas as Cloud Girls. Agora quero seguir expandindo essa comunidade que permite que as mulheres que trabalham com Cloud sintam-se à vontade para falar sobre seus desafios e conhecimentos, que possam conhecer e compartilhar informação com outras mulheres da área."
Diante dessa possibilidade, Ana Claudia projeta o futuro. "Não penso nunca em deixar meus estudos e minha carreira profissional de lado, mesmo quando decidir me tornar mãe. Hoje, a tecnologia permite-nos trabalhar de qualquer lugar e ser muito produtivos. Espero seguir meu caminho inspirando o crescimento de outras pessoas e contribuindo para isso, com responsabilidade socioambiental e respeito ao próximo", diz ela, que credita suas conquistas ao apoio de sua família. "Reconheço e sou agradecida pela sorte que tive em sempre ter minha família me apoiando em cada decisão, por saber que as oportunidades não se apresentam a qualquer momento e que eu deveria estar bem preparada quando alguma porta se abrisse", finaliza.
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