O plástico é mesmo o vilão?
O professor de Engenharia de Produção do Instituto Mauá de Tecnologia e especialista no assunto, Antonio Cabral, explica mais o assunto
Sempre em pauta quando o assunto é sustentabilidade, o plástico pode não ser o vilão e acabar com o seu uso pode não ser o melhor caminho.
Prof. Dr. Antonio Cabral, especialista no assunto, defende o uso do plástico e concientiza sobre o descarte correto do material.Passa ano, entra ano e o plástico é assunto que sempre está em debate. O material, aparentemente, tornou-se o vilão a ser combatido. Presente nas embalagens, nos utensílios descartáveis - leia-se canudos, sacolas, pratos, - há uma infinidade de abordagens sobre os efeitos do descarte inadequado desses itens no meio ambiente.
As imagens que saltam aos olhos são as dos canudinhos espetados nas tartarugas, as "montanhas" de lixo em esquinas movimentadas das metrópoles, as garrafas boiando nos rios poluídos com esgoto não tratado e outras cenas pouco agradáveis.
Por isso conversamos com um especialista no assunto, professor do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia, Antonio Cabral, que respondeu à pergunta que está no título deste texto: o plástico é mesmo o vilão?
Entenda melhor
Segundo o professor, as embalagens protegem os produtos contra os vários tipos de deterioração e de contaminação por agentes presentes no ambiente em que circulam. Elas mantêm a qualidade do seu conteúdo durante a vida útil determinada pelos fabricantes.
Praticamente todas as embalagens têm plásticos, nas suas diferentes formas, em sua estrutura. Além das garrafas de refrigerantes, podem ser citadas outras formas, utilizadas como vernizes internos em latas metálicas, vedantes que asseguram a hermeticidade de potes de vidro e muitos outros usos. O plástico ajuda a preservar e, portanto, não é o vilão dessa história!
Atualmente o plástico tem grande importância nos diversos setores das indústria e seu uso tem papel fundamental para a economia.
Banir o plástico do planeta significa reduzir a proteção de alimentos, medicamentos e de cosméticos. Se isso acontecesse, um novo estilo de vida deveria ser estabelecido, num processo que duraria muitos anos e, até ser implantado, deveriam ser desenvolvidos meios de assegurar a distribuição efetiva de produtos nos diferentes pontos do mundo. Essa não parece ser a escolha que os seres humanos fizeram.
A situação que se propõe para minimizar os impactos advindos do descarte irresponsável pode ser resumida em três ações, que podem parecer de difícil execução, mas significam um custo ambiental menor do que as atuais práticas. Essas ações são: a) tornar eficiente e eficaz o atual sistema de coleta seletiva; b) aprimorar e humanizar a triagem dos materiais que podem ser reciclados para adicionar valor (palavra mágica) aos que hoje são descartados; c) investir em educação e em saneamento.
Duas perguntas precisariam ser respondidas antes de se pensar em considerar o plástico como vilão. O que pode motivar um cidadão a jogar um canudinho ou um copo plástico no lixo se, em frente ao local onde mora, corre um esgoto a céu aberto? Se uma pessoa, em sã consciência, não derramaria 20 mL de gasolina na areia da praia por que jogaria uma garrafa de refrigerante?
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