edição 14 | Julho de 2010    

Arrumando a casa para 2014


Começa a corrida rumo a 2014: 12 estádios precisam estar prontos para a Copa no Brasil

Parece difícil não fazer comparações quando se vive intensamente o espírito de euforia da Copa do Mundo de Futebol. Além da polêmica bola, Jabulani, o desempenho decepcionante de alguns craques em campo e das zebras de certos resultados, outra atração têm sido os estádios de futebol na África: projetos arrojados, que chamam a atenção.

Porém, nos bastidores, também são inevitáveis os comentários sobre a gastança para a construção desses oito estádios africanos. Segundo dados do Portal 2014 do Sindicato Nacional da Arquitetura e da Engenharia, da África, o custo dessas obras atingiu R$ 4,1 bilhões, contra o orçamento previsto de R$ 2,1 bilhões. Por aqui, para sediar a Copa de 2014, esses valores são ainda maiores. Os cálculos para que os 12 estádios espalhados pelo País estejam em ordem chega a R$ 5,3 bilhões, se não houver imprevistos, já alertam os mais pessimistas. 

Os recursos devem vir da iniciativa privada e do BNDES, mas é uma matemática que tem gerado muitas discussões, em especial na definição das sedes para abertura e final da Copa. “Para o investidor, esse detalhe pode fazer a diferença na hora de apostar num novo projeto ou mesmo numa reforma, pois, dependendo do porte do estádio e da sua infraestrutura, irá receber os jogos mais ou menos importantes, que implicam maior ou menor público”, lembra o engenheiro Januário Pellegrino Neto, especialista em projetos de estruturas de concreto e professor do curso de Engenharia Civil da Mauá, responsável pelas disciplinas Teoria das Estruturas e Estruturas de Concreto.

Padrão FIFA

Ser anfitrião de um evento desse porte tem seu preço e as exigências passam pelo crivo da FIFA. Quanto aos estádios, não basta apenas que eles impressionem esteticamente; precisam ser funcionais e seguros. Para o professor Januário, que participa do projeto estrutural na construção do novo estádio da Fonte Nova, em Salvador (BA), a visibilidade do público é um desses requisitos. “No Brasil, os estádios têm essa deficiência; muitos têm uma grande distância entre o campo e arquibancada, como é o caso do Morumbi, em São Paulo. Hoje, atendendo o conforto dos torcedores, há exigência de uma melhor visibilidade, aproximando a arquibancada do gramado, tornando necessárias obras de infraestrutura, como a construção de novos anéis mais próximos do campo, no caso das reformas, por exemplo. São onze os principais tópicos do manual de estádios: decisões de pré-construção, orientação do campo, segurança, estacionamentos, área de jogo, vestiários e acessos, conforto do público, hospitalidade, mídia, energia e iluminação e a sustentabilidade.”

Outro ponto crucial dos novos projetos e reformas deve ser o conforto. “Não temos essa cultura. As arquibancadas lotadas ainda são uma característica dos nossos estádios. Ter assentos individuais e maior comodidade começa a fazer parte dessa mudança”, comenta o engenheiro. A acessibilidade e serviços engrossam essa lista da Federação Internacional. “A infraestrutura para receber milhares de torcedores de toda parte do mundo requer transporte púbico, estacionamento e, dentro dos estádios, áreas de multiuso para o trabalho da imprensa, alimentação, banheiros e espaços de circulação e acessibilidade na entrada e saída. A logística de um país de dimensão continental também é outra preocupação no deslocamento dos torcedores entre as 12 sedes. Assim, deverá ocorrer uma otimização na definição das sedes associadas aos oito grupos da primeira fase”, detalha.

O estádio da Fonte Nova, que sofreu um desabamento há alguns anos por problemas de manutenção e chegou a ser interditado, pode servir de exemplo para outro item que já merece atenção nos futuros projetos de estádios, comenta o professor Januário. Ele observa que hoje o projeto de estruturas contempla as vibrações nessas estruturas para o conforto de um novo público, que vibra, pula e precisa ter segurança para que nenhum imprevisto aconteça e estrague a festa. O projeto arquitetônico da Fonte Nova, uma parceria entre Brasil e Alemanha, irá preservar as características do estádio original, mas começará do zero atendendo às exigências FIFA, após a demolição do atual estádio, e deverá estar pronto para a Copa das Confederações, em 2013.

Visualmente, as coberturas dão um toque de modernidade usando tensoestruturas. “A tendência é a composição de coberturas em estruturas de membranas que sugerem leveza, e o uso das cores claras na cobertura. A iluminação de alta intensidade garante boa visibilidade nas partidas em diversos horários, aprimorando a  imagem transmitida pela mídia e também para melhor visualização do  público presente. Além disso, o projeto deve sempre levar em conta os itens sustentabilidade e produtividade”, lembra. Mesmo diante das discussões de orçamentos e disputa pelos melhores jogos das sedes, é fundamental que se considere a importância desse tipo de evento, o legado que irá deixar em termos de infraestrutura para as cidades que terão de se adequar à Copa do ponto de vista de obras e suporte para receber milhões de pessoas, comenta o engenheiro. “Não é fácil, num país do tamanho do Brasil, e com regiões tão diferentes, viabilizar financeiramente essas adequações. Na própria África, não faltam críticas em relação à acessibilidade aos estádios, por exemplo.

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