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Aposta no Futuro
Quem inicia uma carreira precisa estar pronto para aceitar desafios
Leandro Sanchez, ex-aluno da Mauá, classificado entre os 57 selecionados para a renomada Bolsa Vanier
“A partir de agora, eu e minha esposa começamos a repensar nosso futuro. Até 2013, meu projeto é trabalhar bastante. Depois, ainda temos dúvidas. Tudo dependerá das oportunidades que irão surgir”. O que de tão importante pode acontecer na vida pessoal e profissional de um estudante de 29 anos, há dez meses no Canadá, que o faça reavaliar planos e até não descartar a possibilidade de desenvolver uma carreira em outro país?
Para Leandro Francisco Moretti Sanchez e Diana Buchner de Oliveira Sanchez, ex-alunos da Mauá – ele de Engenharia Civil, ela de Engenharia de Alimentos - as mudanças começaram de um desafio que, a princípio, parecia bem distante de se realizar. Depois de um ano e meio, driblando burocracias, Leandro iniciou seu doutorado em Québec. Na Université Laval, estimulado pelo professor Benoit Fournier – que conhecera num congresso e com quem agora convive na sua nova etapa acadêmica – resolveu disputar a Bolsa Vanier (www.vanier.gc.ca), uma das mais importantes do país. Conhecida como a bolsa dos “líderes do futuro”, é concedida pelo governo a pessoas que possam destacar-se em grupos de pesquisa, em grandes empresas e até em cargos técnicos governamentais e, de certa forma, devolver para o país o que o Estado investiu na formação. Daí, a maioria dos premiados ser canadenses e um percentual menor que 10% ser destinado para estrangeiros.
A notícia de estar entre os 57 selecionados deste ano fez Leandro rever todos os seus planos, ao ser escolhido na área de Exatas, ao lado de outro brasileiro – de Ciências Humanas – depois de uma criteriosa avaliação que exige excelência e competências acadêmica, profissional e pessoal. “É muito bom ver o Brasil ser reconhecido nas mais variadas áreas.
A bolsa – válida por três anos – marca um giro de 180 graus na carreira de Leandro. Sem nunca ter estudado fora do País, aos 21 anos, quando cursava a terceira série na Mauá, frequentou um curso de Matemática Aplicada à Vida, com o professor Aguinaldo Prandini Ricieri. A partir daí, sua visão de carreira passou a ter um norte direcionado para a ciência e pesquisa aplicada. A opção por aprofundar seus estudos na área de concreto conduziu também à escolha do tema para a pós-- graduação e mestrado na Poli (USP) com pesquisas focadas na reação álcali-agregado (RAA).
“Talvez essa escolha tenha sido um dos fatores mais importantes para alavancar as mudanças que estão acontecendo agora. Na época, o tema era relativamente novo, mas me deu chance de participar da elaboração de normas nessa área e conhecer os melhores especialistas do País, o que me incentivou a ir mais longe”. Foi em Québec, desenvolvendo seu doutorado, por meio de um projeto financiado pelo Ministério dos Transportes, que a carreira de Leandro começou a ser traçada de uma nova forma, ganhando novo fôlego.
Em paralelo, foi preciso adaptar-se à nova vida e à língua francesa, já que é o idioma oficial, inclusive na sala de aula. As diferenças climáticas, com estações bem definidas e inverno rigoroso, jantar servido às 17h30 por causa dos dias frios que escurecem bem cedo foram mudanças que hoje já estão incorporadas à rotina. A qualidade de vida sem violência, sem problemas com trânsito e outros de cidades grandes, além de uma distribuição de renda justa tem cativado os dois jovens. “O segredo é tentar ao máximo habituar-se ao dia a dia do lugar e não querer viver os costumes brasileiros. No começo é difícil, mas à medida que isso acontece aproveita-se melhor o que o país oferece”, ensina.
A saudade da família e dos amigos e as novidades são partilhadas por skype e a hora de voltar ainda não está definida, mas há a certeza de que tem valido a pena. “Acredito que um engenheiro formado pela Mauá e com mestrado na Poli está altamente capacitado a realizar um doutorado no exterior. Hoje, quando olho para trás, percebo nitidamente como eu e minha esposa crescemos cultural e pessoalmente e como casal. Mudamos para melhor e temos a cabeça mais aberta às diferenças e convivemos melhor com elas. Mesmo que nem tudo saia do jeito planejado, vale investir num projeto acadêmico longe de casa”.
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