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Principais aeroportos do País carecem de investimentos e melhorias
Importantes geradores de empregos e de receitas e impostos, os aeroportos do País precisam ser mais bem administrados e equipados não só para atender aos grandes eventos programados para 2014 e 2016...
Aeroportos do País precisam de reformas imediatas
Não há dúvida sobre a importância do setor aeronáutico para o avanço socioeconômico de um país. Cada aeroporto é um importante gerador de receitas e impostos e alavanca milhares de empregos em toda a cadeia que, direta ou indiretamente, relaciona-se com ele. Sua relevância estende-se à sustentação do crescente setor de transporte aéreo, que já registra cerca de 128 milhões de embarques e desembarques por ano no País, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Um bom avanço, se considerarmos que em 2007 o total de embarques e desembarques registrados no Brasil foi de aproximadamente 110 milhões de passageiros.
Com o anúncio do Brasil para sediar os grandes eventos esportivos de 2014 (Copa do Mundo) e de 2016 (Olimpíadas), a preocupação com a infraestrutura do País, em diferentes setores, tornou-se pauta mais recorrente e tem merecido a atenção permanente da mídia. Entre os temas que permeiam a questão está a capacidade saturada da maioria dos nossos aeroportos. Vale destacar que tão importante quanto atender à demanda que esses eventos provocarão, é investir na capacitação para sustentar o crescimento projetado para a economia do País e para atender melhor – antes, durante e depois desses eventos – os passageiros domésticos e às empresas que precisam do modal aéreo para viabilizar seus negócios, utilizando-se do transporte aéreo de carga. Como apontado num artigo publicado no jornal Financial Times, no começo de maio, “os planos para a melhoria da infraestrutura do Brasil estão na mesa. A economia está crescendo. Os investidores estão fazendo fila. Mesmo assim, o futuro brilhante do Brasil parece ainda estar fora de alcance”.
“Em relação aos aeroportos, a concentração maior do problema está na região metropolitana de São Paulo, espelhada claramente no aeroporto Internacional de Guarulhos, que nos últimos dez anos não recebeu as necessárias obras de melhoria e já não suporta o fluxo de aproximadamente 22 milhões de passageiros por ano”, alerta o professor do curso de Engenharia Civil da Mauá e consultor no setor Aeroportuário, Oswaldo Sansone. “O aeroporto não deixa de operar”, continua ele, “o que acontece é que a capacidade e a qualidade do serviço oferecido caem drasticamente”. O professor Oswaldo enfatiza que o setor de Transporte Aéreo tem um impacto muito grande no cenário econômico do País e responde de forma muito contundente ao crescimento do PIB. “O Transporte Aéreo cresce cerca de duas vezes o índice apontado pelo crescimento do PIB e quase imediatamente”, explica ele.
Segundo o professor Sansone, não há falta de recursos para investir nas melhorias necessárias. O que falta é capacidade de gestão para realizar os investimentos já planejados. Além do entrave no atendimento aos passageiros que circulam nos principais aeroportos brasileiros, os grandes eventos esportivos previstos para o país deverão tornar muito mais evidente aos olhos do mundo as falhas que não forem resolvidas até lá. Há também uma série de melhorias que precisam ser feitas para sustentar o transporte aéreo de cargas. “O fundamental é que se consiga empregar mais agilidade nos processos cujas soluções são mais necessárias e cujos gargalos já apontam um sério comprometimento”, destaca o professor.
De forma geral, um bom caminho seria a adoção de um processo de concessão que mudasse o modelo atual de gestão dos aeroportos, de forma que o setor privado pudesse assumir os investimentos e as reformas necessárias. Mais difícil de acontecer, mas também muito interessante, seria uma solução baseada no modelo adotado pela Petrobrás, que tem uma carteira própria de fornecedores já cadastrados e qualificados, sem que tenha seus processos amarrados pela lei de licitação, a 8666. “Isso garantiria agilidade e a certeza de que os fornecedores escolhidos teriam competência técnica para realizar os projetos propostos”, acrescenta o professor Sansone.
O fato é que a situação não é das melhores e está aí, à luz do dia, para quem quiser ver. Todo o sistema aéreo brasileiro carece de uma renovação e de melhorias profundas nos próximos anos. Esperamos que dê tempo.
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