edição 71 - Maio de 2016

A Inovação e a competitividade das micro, pequenas e médias empresas brasileiras

O Birô, instalado no IMT, em seu Campus de São Caetano do Sul, é a prova material de todo esse esforço inovador da Instituição em prol do reposicionamento, em lugar de destaque, desse setor na economia no país.

Antonio Cabral é professor do MBI (Master of Business Innovation) e coordenador dos Cursos de Engenharia de Produção e de Pós-Graduação em Engenharia de EmbalagemA participação da indústria brasileira no PIB vem sofrendo contínua redução, como apontam  diversos autores. As principais razões para isso, apresentadas há quatro anos por Bueno (2012), são: a) semiestagnação econômica; b) evolução insatisfatória dos indicadores sociais principalmente educação e distribuição de renda; c) desindustrialização precoce. O resultado é a baixa competitividade da indústria brasileira, especialmente as micro, pequenas e médias empresas (MPEs), a qual, aliada ao custo Brasil, abre as portas do País para produtos importados.

A palavra ‘competitividade’ traz à mente o conceito de “vantagem competitiva”, amplamente estudado por Porter (1992), que afirma:

[ela] surge fundamentalmente do valor que uma determinada empresa consegue criar para os seus clientes e que ultrapassa os custos de produção. O termo valor representa aquilo que os clientes estão dispostos a pagar pelo produto ou serviço; um valor superior resulta da oferta de um produto ou serviço com características percebidas idênticas aos da concorrência, mas por um preço mais baixo ou, alternativamente, da oferta de um produto ou serviço com benefícios superiores aos da concorrência que mais do que compensam um preço mais elevado.

Uma das maneiras básicas de se conseguir essa vantagem é por intermédio da inovação, que, por sua vez, está  alicerçada na gestão do conhecimento, nos termos definidos há muitos anos por Nonaka e Takeuchi (1997) e representado graficamente na Figura 1. O tema, desenvolvido anos atrás, é atualíssimo.

FIGURA 1: O CONHECIMENTO É A BASE PARA A VANTAGEM COMPETITIVA.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: O Autor.

Para fechar a base sobre a qual se situa esse texto, é preciso trazer para o leitor duas definições, disponíveis no Manual de Oslo (OCDE, 1997),  uma das referências internacionais no assunto:

  • uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas;
  • uma inovação de processo é a implementação de um método de produção ou distribuição de um produto novo ou significativamente melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares.

Isso posto, conclui-se que inovar é uma das alternativas a ser explorada pelas PMEs para recuperar a competitividade (leia-se: conseguir uma vantagem competitiva) que se esvai, nos dias de hoje, como “água entre os dedos”. Para tanto, não é suficiente somente desenvolver um produto ou um serviço, ou um novo modelo de negócio, que rompa fronteiras. É preciso adotar um comportamento inovador, que faça parte do cotidiano. É possível! É recomendável!

Ciente disso, o Instituto Mauá de Tecnologia – IMT - desenvolveu o projeto intitulado Birô de Apoio à Competitividade das Micro, Pequenas e Médias Empresas – PMEs, utilizando as instalações do Laboratório de Comissionamento Virtual. O foco é a inovação de processo. Cinco etapas compõem a metodologia adotada: a) mapear os processos; b) avaliar criticamente os procedimentos e padronizá-los; c) cronometrar as etapas padronizadas; d) virtualizar (usando softwares de alto desempenho) os processos para identificar claramente as oportunidades de aumento da produtividade; e) propor ajustes e simular a implantação. As três primeiras etapas estão fortemente ligadas à geração de conhecimento (conhecer-se). As demais,  à inovação de processo.

O CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), por seu escritório localizado em São Caetano do Sul, e a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), por intermédio do DEMPI (Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria), apoiam esse projeto desde o início, em 2010, indicando empresas que colaboraram decisivamente para o  amadurecimento dos conceitos.

O Birô, instalado no IMT, em seu Campus de São Caetano do Sul, é a prova material de todo esse esforço inovador da Instituição em prol do reposicionamento, em lugar de destaque, desse setor na economia no país.

Referência Bibliográfica

BUENO, F. Riscos e oportunidades para a indústria de bens de consumo: a visão da FIESP. In: Painel de Diretrizes para a Indústria de Embalagens 2012. Associação Brasileira de Embalagem. São Paulo, 2012.

NONAKA, I; TAKEUCHI, H. Criação do conhecimento na empresa. Tradução Ana Beatriz Rodrigues e Priscilla Martins Celeste. 20. reimpressão.  Rio de Janeiro: Elsevier, 1997.  

OCDE - ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Manual de Oslo. Diretrizes para coleta e interpretação de dados dobre inovação. 3.ª edição. 1997. 184p.

PORTER, M. E.  Vantagem Competitiva. Trad. Elizabeth Maria de Pinho Braga. São Paulo: Campus, 1992,   517p.

Artigo de autoria de Antonio Carlos Cabral -  Professor do MBI (Master of Business Innovation) – convênio Mauá/Pi-Academy e Coordenador dos Cursos de Pós-graduação em Engenharia de Embalagem e de Engenharia de Produção do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia.

 

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