edição 70 - Abril de 2016
Atualmente, ele contribui para os projetos de pesquisa do Laboratório de Micro-ondas
Durante sua trajetória na Mauá, o professor foi diretor da EEM, Chefe do Departamento de Engenharia Elétrica e participou de inúmeras comissões do Instituto.
Aos 91 anos, recém-completados em 25 de março, o professor José Thomaz Senise continua a todo vapor atuando no Instituto Mauá de Tecnologia. Nascido em São Paulo, ele formou-se em Engenharia Mecânica e Elétrica pela Politécnica da USP, em 1947. De 1948 a 1950, participou de um treinamento nas fábricas da Metropolitan Vickers Electrical Co, em Manchester (Inglaterra), após ganhar uma bolsa do Conselho das Indústrias Britânicas.
Em 1951, ingressou como professor no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e em 1954 foi beneficiado pela política de formação de docentes do ITA, obtendo a bolsa do CNPq para pós-graduação na Universidade Stanford, onde conseguiu o mestrado (MS) e o doutorado (Ph.D.) em Engenharia Elétrica, trabalhando no Laboratório de micro-ondas (hoje E.L.Ginzton Microwave Laboratory), da Universidade.
Aos 91 anos, o professor José Thomaz Senise está há 50 anos no Instituto Mauá de Tecnologia.
Depois disso, ele voltou ao ITA no final de 1958. “Retornei à condição de professor em tempo integral e dedicação exclusiva da Divisão de Engenharia Eletrônica. Foi em 1.º de março de 1966 que ingressei no corpo docente da Escola de Engenharia Mauá”, relembra.
De 1966 a 1978, o professor dividiu-se entre as aulas lecionadas no ITA, Mauá e na Poli. “Nesse meio tempo, também atuei como consultor nas áreas de Energia e de Telecomunicações, particularmente no tocante à telefonia celular e aos padrões de segurança contra efeitos biológicos das radiações não ionizantes. E, em 1986, fui Professor Visitante da Universidade de Ottawa, no Canadá”, relata.
Além da experiência acadêmica, o profissional também trabalhou no mercado. Durante 25 anos, participou como consultor, sem função executiva, das reuniões mensais do Conselho de Administração da centenária Companhia Melhoramentos de São Paulo.
A história na Mauá
Em 1966, a Mauá só tinha quatro anos de existência no mercado – o que é considerado pouco tempo para a consolidação de uma instituição de ensino. Mas, mesmo assim, o professor Senise optou por permanecer no IMT.
“Fiquei por duas razões: em primeiro lugar, pelas pessoas envolvidas. Basta dizer que os professores Rozenberg e Borzani foram meus colegas desde o pré-universitário, em 1941, até a nossa formatura em 1947. Conhecia-os muito bem e sabia que, se eles acreditavam no futuro da Mauá, eu poderia também acreditar. Em segundo lugar, a oportunidade de participar desde o início de um novo empreendimento no âmbito das escolas particulares”, explica o professor Senise.
Durante sua trajetória na Mauá, o profissional foi diretor da Escola de Engenharia Mauá, Chefe do Departamento de Engenharia Elétrica repetidas vezes e participou de inúmeras comissões. Atualmente, ele contribui para os projetos de pesquisa do Laboratório de Micro-ondas, particularmente na realização de medidas de constante dielétrica complexa.
“Meu interesse por micro-ondas começou em Stanford, no ambiente fervilhante de pesquisa que existia no Laboratório de Micro-ondas, onde dominavam as aplicações de alta potência para fins científicos. Na época (década de 1950), começava-se a falar em fornos de micro-ondas, como uma possível aplicação doméstica e industrial. Minha primeira aplicação de micro-ondas na Mauá foi num projeto orientado pelo colega Borzani, visando à extração rápida de óleo de banana. Isso foi em 1968/69”, comenta.
Atualmente, o Prof. Senise contribui para os projetos de pesquisa do Laboratório de Micro-ondas na realização de medidas de constante dielétrica complexa.
Em 1970, o profissional teve o primeiro pedido de auxílio à pesquisa aprovado pela FAPESP. “Com o apoio do IMT, de 1970 a 2005, a FAPESP aprovou trinta pedidos meus com diversas finalidades: participação em congressos, conserto de equipamentos, bolsas de iniciação científica e, mais importantes, auxílios à pesquisa que permitiram equipar o Laboratório de Micro-ondas (LMO) da Mauá com geradores de micro-ondas e instrumentação de medida utilizados em ensaios e desenvolvimentos de processos de interesse industrial e científico”, explica.
O professor conta que, na década de 1990, conseguiu convencer o professor Luiz Alberto Jermolovicius, que também atua no Laboratório de Micro-ondas da Mauá, de que havia um amplo campo ainda inexplorado de aplicações de micro-ondas na Química e na Engenharia Química. “Minha função passou a ser a de transmitir os conhecimentos necessários (e suficientes) de micro-ondas ao colega Luiz e à pequena equipe de engenheiros químicos e estudantes do corpo técnico do LMO. Com a implantação dos cursos de mestrado na Mauá em 2004, novo impulso foi dado à pesquisa acadêmica no LMO”.
Completar meio século de atividades de ensino, de pesquisa e funções administrativas não é para qualquer um. “Meio século de atividades de ensino, de pesquisa e administrativas. O que levo disso? Levo a satisfação de ter criado um laboratório de pesquisas único no meio universitário brasileiro. Levo a amizade com os colegas, funcionários e alunos que participaram comigo dessa longa jornada. Levo a lembrança de pessoas que muito contribuíram para a Mauá e que não estão mais entre nós. Muito devo a elas”, diz o professor.
O IMT fica lisonjeado em ter o prof. Senise como profissional, tão competente, e por ele ter contribuído para a história da Instituição por meio da sua dedicação e da sua produção. Foram quase 100 artigos de iniciação científica, 13 depósitos de patentes, 23 pesquisas desenvolvidas pelo Centro de Pesquisas e ainda 6 projetos apoiados pela FAPESP. O Instituto Mauá de Tecnologia agradece todo o empenho e as conquistas valiosas que ele trouxe para a Instituição.