|
|
O psicólogo Leo Fraiman analisa a questão e dá dicas de como conduzir a escolha profissional
Psicológo Leo Fraiman fala sobre a difícil tarefa de se optar por uma carreira.
Decidir-se por uma carreira não é tarefa fácil. Em especial quando se chega à adolescência, uma fase de tantos questionamentos, quando a pressão dos pais, as incertezas de traçar metas para um futuro e se arrepender passam a fazer parte de um dia a dia nada simples.
Esse cenário, porém, pode ser bem diferente se os planos começarem a ser traçados bem antes, quando ainda se está no ensino fundamental. Pode parecer cedo demais, mas é o caminho defendido pelo psicólogo Leo Fraiman, Mestre pela USP, especialista em Psicologia Escolar e autor de 21 livros sobre Escolha Profissional, Empregabilidade e Empreendedorismo pela Editora Esfera, além do Portal www.opee.com.br. “A escola pode ajudar a criança a entender que ela precisa sonhar, ser empreendedora e ter um projeto de vida. Assim, estará mais motivada a aprender, pois terá consciência do destino que dará aos conhecimentos que está adquirindo ao longo da sua formação escolar. Já há várias instituições que adotam essa metodologia de orientação”, comenta.
Diversos estudos mostram que dinheiro e felicidade não andam juntos. O dinheiro traz conforto, segurança e não deve ser o maior peso na escolha da profissão, pois hoje não faz mais sentido pensar em apenas terminar uma faculdade. Ela faz parte de um projeto de vida. É preciso pensar além”.
E por onde começar, se o tempo passou e o vestibular está batendo à porta? Fraiman observa que é preciso buscar o máximo de informações nas páginas dos portais das instituições de ensino, em guias especializados, participar de eventos sobre profissões e vivenciá-las. “O jovem pode assistir a algumas aulas nas universidades, ouvir as experiências de outras pessoas. Não se limite a um único profissional da área desejada. Os bem-sucedidos irão apresentar só o lado glamouroso, enquanto os mal-sucedidos passarão sua decepção”. É preciso ter em mente, segundo o psicólogo, que atualmente não existe a profissão do futuro, mas o profissional do futuro - com espírito empreendedor. Esse é disputado pelo mercado. Por isso, é necessário se preparar desde cedo e sempre buscar formas de manter-se atualizado.
Fraiman lembra que, pelo próprio aumento da expectativa de vida, que pode chegar à casa dos 100 anos, o jovem que se forma com 22 ou 23 anos tenderá a ter, pelo menos, três ou quatro carreiras ao longo da vida. “Às vezes é saudável mudar. A carreira deve-se desenvolver em cima de competências, de uma forma que a pessoa mantenha sempre um brilho no olhar. Quando o trabalho não traz isso, as relações ficam sem sentido, há risco de se deprimir e adoecer”, alerta.
Mesmo que o aluno perceba, ao entrar numa faculdade, que não está feliz, é preciso ter calma. “É importante não desistir de imediato. Ele deve procurar saber com os colegas que estão nas turmas mais adiantadas o que vem pela frente. Tentar fazer um estágio na área, ‘sentir’ aquela área na prática. Se já tentou tudo e está convicto do erro, será preciso recomeçar e buscar encontrar-se. Afinal, o importante é a realização profissional como base numa vida que tenha sentido e propósito”.
O psicólogo lembra que a falta da um diálogo entre escola, empresa e universidade é ainda um problema. “Essa dissonância não viabiliza, em muitos momentos, o contato prático da profissão antes de se decidir por ela”. A orientação profissional, com metodologia e desde cedo, é ainda algo novo, mas uma aposta de Fraiman com intensiva atuação nesta área. “Segundo o IBGE, 53% dos pesquisados trabalham em carreiras diferentes daquelas para a qual estudaram.”
“Não há profissão perfeita. Se traçarmos um paralelo com o casamento, assim como não é possível escolher um marido ou esposa apenas por foto, na carreira ocorre algo semelhante. É preciso conhecer, informar-se e vivenciar essa relação, pois não é só mais uma escolha. É um projeto de vida, que precisa ser avaliado e experimentado. Essa busca deve ser construída no tripé: aptidão, interesse e perspectiva de mercado. É fundamental se questionar e responder a: “que missão eu desejo abraçar e que me realize e como eu quero contribuir para o mundo?” ensina Fraiman.
|