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Sabor e saúde
Ao acordar ou no meio da tarde, uma xícara de café reanima e colabora com sua saúde
Nathan Herszkowicz é nosso entrevistado nesta edição e nos fala do mercado de café no País e suas oportunidades para o profissional de Engenharia
Por: Nathan Herszkowicz
A ciência progrediu e esclareceu recentemente que o café é, sim, um forte aliado da nossa saúde. Como se sabe, café não é apenas cafeína; ele também contém inúmeras substâncias e compostos bioativos, como a niacina, vitaminas e sais minerais. O café melhora a concentração e o aprendizado escolar e é a bebida mais recomendada para estudantes de todas as idades, em casa e na merenda escolar. Estudos avançados também demonstram a eficácia do café como forte aliado na prevenção do câncer de cólon e reto, doença de Parkinson e outras.
Pesquisas médico-científicas, realizadas no mundo todo, mostram os diversos benefícios do café para a saúde humana, desde que consumido diariamente e de forma moderada (em torno de quatro xícaras ao longo do dia), outras mudanças acontecem paralela e positivamente.
No mercado profissional, o cafezinho que tanto nos alegra em alguns momentos do dia, traz novas oportunidades, por exemplo, para os engenheiros de alimentos, cada vez mais solicitados para atuarem no desenvolvimento de estudos sobre blends, pontos de torração, granulometria, novas embalagens e outros aspectos da cadeia. Esses profissionais têm papel importante tanto nos centros de pesquisa quanto nas indústrias, para a descoberta de novos produtos, que melhor aproveitem todas as propriedades nutracêuticas do café.
Essas novas descobertas têm revolucionado o mercado de café e atraído profissionais de áreas diversas. O objetivo do setor é que esses estudos se ampliem e possam ser concretizados em cada um dos elos do agronegócio. Para ilustrarmos o quanto o café avança em termos de tema de pesquisas atualmente, numa das mais recentes conseguiu-se desenvolver uma planta de café com grãos naturalmente descafeinados. Qual o impacto dessa descoberta nos consumidores? Como esse café deve ser industrializado? Exigirá embalagens especiais? Encontrar respostas para estas questões e dar andamento aos resultados concretos desses inúmeros estudos que estão sendo realizados é um trabalho que mobiliza o talento de profissionais de muitas áreas, engenharia, marketing, nutrição e outros.
Mas não é só nos laboratórios que o café tem despertado a atenção do mundo. O mercado de café passa por uma verdadeira revolução, e o Brasil, o maior produtor e exportador mundial do grão e o segundo maior mercado consumidor (atrás apenas dos Estados Unidos), é um dos líderes dessas grandes mudanças. Há muito tempo o café deixou de ser simplesmente cultivado, colhido, torrado e moído, embalado e colocado à venda nas gôndolas dos supermercados. Existe uma verdadeira 'teia' multidisciplinar à qual cabe o desenvolvimento de tecnologias que levam à inovação, à qualidade e à diferenciação, capacitando o agronegócio CAFÉ de ponta a ponta, da lavoura à indústria, do comércio ao consumidor final.
Ao trabalho de engenheiros agrônomos soma-se agora, entre outros, o de economistas, biólogos, cientistas, médicos, químicos, nutricionistas e engenheiros de alimentos. Isso reflete a complexidade atingida por um setor que até os anos de 1980/1990 limitava-se a ser meramente processador de café.
Outro ponto bastante relevante é a busca pela qualidade contínua do café, tanto na lavoura quanto na industrialização. Em breve, entrará em vigor um Regulamento Técnico para Café Torrado e Moído que traz em seu bojo uma exigência inovadora: a de um nível mínimo de qualidade do grão. Então, não bastará apenas ser um café puro, mas um café que ao menos consiga, na avaliação sensorial, uma nota 4, considerada uma escala de zero a 10. Uma atenção merecida ao café, que nos acompanha com energia ao longo de toda a nossa história.
Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café - ABIC - e presidente executivo do Sindicato da Indústria de Café do Estado de São Paulo - SINIDICAFE SP. Formou-se em Engenharia Mecânica pela Mauá, na turma de 1972.
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