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edição 164 - Julho de 2025

IA na sala de aula – como a tecnologia está transformando o ensino de programação

Com códigos prontos, feedback instantâneos e testes automatizados, a IA generativa traz agilidade, mas exige senso crítico, ética e domínio dos fundamentos

A chegada da inteligência artificial generativa às salas de aula de tecnologia está transformando a forma como os estudantes aprendem a programar. Ferramentas que antes pareciam futuristas agora geram trechos de código em segundos, explicam funções, sugerem melhorias e até ajudam a automatizar partes inteiras de um software. Mas, se por um lado aceleram processos, por outro exigem algo fundamental: senso crítico.

“É preciso entender que a IA não substitui o aprendizado;  ela transforma o caminho. A autonomia só é ampliada se o estudante compreender o que está sendo gerado. Caso contrário, ao depender exclusivamente da IA sem entender o processo, a autonomia é reduzida e o aprendizado, comprometido”, afirma Ana Paula Serra, pró-reitora de Graduação do Instituto Mauá de Tecnologia.

O levantamento de requisitos, que precisa de uma grande interação humana, a lógica da programação, a modelagem de sistemas, os algoritmos, a solução computacional e até  a infraestrutura continuam sendo o coração da formação de um bom profissional. A IA oferece atalhos, mas é o estudante quem precisa decidir se o caminho escolhido é seguro, eficiente e ético. “Os códigos gerados por IA podem conter falhas de segurança, problemas de desempenho e erros lógicos. Testar, validar e adaptar a solução proposta é parte essencial do processo — uma etapa que, na prática, fortalece a capacidade de análise do estudante e o torna mais preparado para resolver problemas reais com soluções computacionais mais eficientes e seguras, atendendo a necessidade e experiência do usuário”, pontua Ana Paula.

Desafios na sala de aula

Com a IA, a rotina da sala de aula mudou de ritmo. Em algumas aulas, os professores podem pedir aos estudantes a comparação de abordagens, análise de soluções alternativas, automatização de testes. Além de focar questões mais complexas, como segurança, acessibilidade ou otimização. O ensino fica mais dinâmico e prático, desde que os fundamentos estejam bem consolidados.

. Ana Paula Serra, pró-reitora de Graduação do IMT.Como identificar se o código entregue foi realmente criado pelo estudante ou gerado por uma IA? A resposta está em acompanhar de perto o raciocínio, aplicar desafios inéditos e valorizar a criatividade e o entendimento profundo, em vez da simples replicação técnica. “A IA pode sugerir o código, mas quem assina a responsabilidade pelos sistemas desenvolvidos somos nós, humanos. É isso que os futuros profissionais de TI precisam ter em mente. A formação deve preparar os estudantes para serem criadores de soluções computacionais adequadas, de forma ética, inclusiva e sustentável — e não apenas bons operadores de prompts que aceitam os códigos gerados pelas IAs que, a propósito, são limitadas”, alerta Ana Paula.

Segundo a pró-reitora do Instituto Mauá de Tecnologia, a chave está em atualizar os métodos de ensino, trazer a IA para o currículo e promover discussões sobre responsabilidade, propriedade intelectual, ética e impacto social. Usar IA de forma transparente, citar sua contribuição em projetos e saber identificar suas limitações são atitudes que já fazem parte da maturidade profissional esperada hoje.

“Em vez de encarar a IA como ameaça, o ideal é usá-la como aliada. As instituições têm um papel importante nesse processo e precisam criar políticas claras de uso, promover trilhas de aprendizagem personalizadas, oferecer capacitação contínua para professores e fomentar uma cultura de uso consciente”, reforça Ana Paula Serra.

A mensagem é direta: a IA pode acelerar o aprendizado — mas só se o estudante souber o que está fazendo. E cabe às universidades garantirem que essa consciência esteja no centro de toda a formação.

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