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edição 164 - Julho de 2025

Eletrificação no Brasil: desafios, sim — mas também grandes oportunidades

Com matriz energética limpa e biocombustíveis abundantes, o Brasil tem condições únicas para liderar a mobilidade sustentável — mas ainda enfrenta gargalos estruturais

Enquanto o mundo acelera rumo à eletrificação dos transportes para reduzir as emissões de carbono, o Brasil carrega uma vantagem competitiva que poucos países têm: uma matriz energética majoritariamente limpa, diversidade de biocombustíveis e um mercado com grande potencial de crescimento. O desafio? Transformar esse cenário promissor numa estratégia de mobilidade moderna, eficiente e sob medida para a realidade brasileira.

“Estamos diante da oportunidade de liderar uma transição energética inteligente e tropicalizada. Possuímos biocombustíveis, uma matriz renovável invejável e um mercado pronto para crescer”, destaca Fábio Delatore, coordenador da pós-graduação em Veículos Elétricos e Híbridos do Instituto Mauá de Tecnologia.

Enquanto muitos países ainda dependem de carvão e gás natural para gerar eletricidade, o Brasil conta com fontes limpas como sol, vento e água. O avanço da energia solar é um bom exemplo: sua capacidade instalada já se aproxima do dobro da potência da usina de Itaipu, no Paraná.

. Fábio Delatore, coordenador da pós-graduação em Veículos Elétricos e Híbridos do IMT.“Além disso, temos décadas de experiência com biocombustíveis como etanol, biodiesel e biometano — alternativas de baixo carbono que integram uma mobilidade possível e eficiente para além dos veículos 100% elétricos. Por isso, podemos pensar em mobilidade de múltiplas matrizes. É um modelo mais resiliente, mais inteligente e mais nosso”, afirma Delatore.

Apesar disso, ainda há gargalos. Um deles é a baixa oferta de veículos híbridos e elétricos por parte das montadoras instaladas no País. Outro, talvez menos visível, é a falta de informação. Muita gente ainda associa o carro elétrico a um tipo de moda passageira ou luxo para poucos, sem conhecer seu real potencial — como a possibilidade de devolver energia à rede (com tecnologias como V2L e V2G), ou a flexibilidade no carregamento, que pode ser feito com potências menores dependendo da aplicação.

“Tudo depende do uso. É preciso dimensionar e customizar com base no tipo de bateria, no carregador do veículo e nas necessidades reais de quem dirige”, explica o professor.

Quando o assunto é emissão de carbono, o contraste com a Europa também chama atenção. Por lá, o índice de CO₂ por quilômetro rodado é destaque em propagandas. Por aqui, apesar de disponível, essa informação fica escondida em portais técnicos pouco acessados pelo consumidor, como o de Etiquetagem Veicular. Outro ponto de atenção está na estrutura que sustenta a eletrificação. A mobilidade elétrica traz ganhos ambientais importantes, mas também exige uma cadeia preparada para lidar com os novos desafios: reciclagem de baterias, descarte correto, logística reversa e capacitação técnica de profissionais para lidar com componentes como inversores e máquinas elétricas.

“É importante destacar que a eletrificação precisa ser encarada como parte de um conjunto maior de ações. Educação ambiental, uso responsável dos recursos naturais disponíveis, da energia, ações de reciclagem e oportunidades de diferentes matrizes energéticas são peças fundamentais desse quebra-cabeças, grande, complexo e repleto de oportunidades e desafios para a nossa engenharia”, alerta e finaliza Fabio Delatore.

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