Inflação e poder de compra: o que esperar do segundo semestre de 2025?
Economista do Instituto Mauá de Tecnologia aponta primeiro semestre de desafios para a economia brasileira e a expectativa de melhora para o próximo período
O primeiro semestre de 2025 foi marcado por uma inflação acima das expectativas, impactando diretamente o poder de compra dos brasileiros. Segundo o IPCA-15, a prévia da inflação oficial recuou para 0,36% em maio, acumulando 2,8% no ano e 5,4% em 12 meses.
Análise projeta melhor panorama econômico para o restante de 2025.O economista e coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Ricardo Balistiero, aponta que a inflação elevada no início do ano foi impulsionada principalmente pelos preços dos alimentos e do setor de serviços. "No primeiro semestre, a inflação ainda se manteve mais elevada do que se esperava, ou seja, acima da meta, muito pressionada ainda pelos alimentos, mas principalmente pelo setor de serviços, especialmente no primeiro trimestre", afirma.
Expectativas para o segundo semestre
Para os próximos meses, há sinais de alívio na inflação. O professor destaca três fatores principais para essa possível desaceleração; entre eles, a taxa Selic mais elevada, que atualmente está em 14,75% ao ano. Somado a isso está a estabilidade cambial, com projeções para se manter nos patamares atuais, se nada acontecer na política externa. O terceiro ponto é a expectativa de uma boa safra, que pode trazer mais algum alívio para alguns alimentos. “A tendência é que haja uma estabilização dos preços nos próximos meses, porque nós temos uma política fortemente contracionista, conduzida pelo Banco Central”, comenta.
Os impactos da inflação elevada atingem diretamente o bolso dos brasileiros e prejudica a renda real das famílias, reduzindo sua capacidade de consumo. “Toda vez que a inflação sai do controle, isso prejudica muito aquilo que nós chamamos de renda real da população. Com isso, as pessoas, com o mesmo salário, acabam comprando menos reduzindo o acesso a alguns alimentos, bens, serviços entre outros”, complementa.
Para controlar a inflação, Balistiero enfatiza a importância da combinação entre políticas monetária e fiscal. “Se o governo atuar bem também na parte fiscal, ou seja, no controle de gastos, isso tudo vai ajudar bastante com que a inflação convirja para a meta", afirmou. Recentemente, a equipe econômica do governo anunciou bloqueios e contingenciamentos de gastos, medidas que podem colaborar nesse sentido.
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