Mauá participa de missão internacional que busca sinais de vida em lua de Saturno
Instituto será o cérebro brasileiro na criação do gêmeo digital que apoiará expedição interplanetária até 2050
Equipe do Núcleo de Sistemas Eletrônico Embarcado (NSEE), orientada pelo prof. Vanderlei Parro, será responsável pela criação de um "gêmeo digital".
O Instituto Mauá de Tecnologia foi convidado a participar de uma das missões espaciais mais ambiciosas da próxima década: a exploração de Encélado, lua de Saturno, coordenada pela Agência Espacial Europeia (ESA) em parceria com o centro aeroespacial alemão DLR. O objetivo da missão é investigar possíveis sinais de vida num dos ambientes mais promissores do sistema solar.
Reconhecido por sua atuação em projetos internacionais como as missões CoRoT e PLATO, o IMT será responsável pelo desenvolvimento de um sistema de simulação que atuará como um “gêmeo digital” da missão. A ferramenta é essencial para testes, planejamento e validação das operações em condições extremas do espaço profundo.
“A criação de um simulador desse porte permite que antecipemos cenários críticos e testemos soluções antes do lançamento, o que aumenta significativamente a segurança e a eficiência da missão”, afirma o professor Vanderlei Parro, coordenador do projeto no IMT.
Encélado, com seus cerca de 500 km de diâmetro, destaca-se como um laboratório natural na busca por vida fora da Terra. Desde que a missão Cassini, da NASA, detectou plumas de vapor d’água e compostos orgânicos emergindo de fissuras em sua superfície gelada, a lua se tornou um dos principais alvos da astrobiologia. A nova missão europeia buscará coletar e analisar esse material em busca de bioassinaturas.
“Essa é uma oportunidade científica rara. Encélado fornece acesso direto a materiais do oceano subterrâneo, sem a necessidade de pousos ou perfurações complexas. E o simulador desenvolvido pelo IMT permitirá prever condições como a influência gravitacional de Saturno, exposição à radiação, temperaturas extremas e falhas eletrônicas. Além disso, será fundamental para o treinamento das equipes e para a validação de procedimentos em solo, antes da execução no espaço”, explica o professor Parro.
A missão está em fase de definição de escopo e deve ser oficialmente aprovada até o segundo semestre de 2025. O lançamento da sonda está previsto para ocorrer a partir de 2026, com resultados científicos mais robustos esperados entre 2045 e 2050.
“A participação do IMT reforça o protagonismo da ciência brasileira em projetos de alta complexidade e abre portas para a formação de profissionais em áreas estratégicas como engenharia aeroespacial, física aplicada e ciência de dados”, conclui o professor Vanderlei Parro.
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