Alternativas para concretos e economia circular: professor do IMT desenvolve estudo especial
Trabalho de mestrado do professor Mateus Zanovello de Oliveira, que apresenta estudos e soluções para cimentos recicláveis, ganhou destaque na Princeton University, nos EUA
Questões relativas à economia circular tem-se tornado cada vez mais essenciais em diferentes campos, incluindo o desenvolvimento de soluções para a indústria e para a engenharia que contribuam para o cuidado com o ambiente.
Pensando nisso, o professor Mateus Zanovello de Oliveira, do curso de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), realizou um estudo especial para seu mestrado, focado em alternativas para a indústria do concreto com cimentos recicláveis. O trabalho veio com o objetivo de abrir caminho para a implementação da economia circular na indústria do cimento e do concreto.
Inovação na construção: cimento reciclado reduz em até 55% as emissões de CO₂, promovendo um futuro mais sustentável. Como explica o especialista, a indústria do concreto, devido a seu alto consumo de recursos naturais e energia, apresenta grande potencial para o desenvolvimento de estratégias voltadas para a economia circular. Sendo o segundo material mais utilizado no mundo – atrás apenas da água –, o concreto é responsável por 8 a 10% das emissões globais de CO₂ apenas na etapa de produção. Com isso, o professor desenvolveu a dissertação de mestrado intitulada “Cimento Portland Reciclado (R-PC): redução da demanda de água, análise ambiental e uso como ligante engenheirado”.
O estudo mostra que concreto é a base da sociedade moderna, e seu principal componente, o cimento, causa um impacto ambiental significativo devido às emissões de CO₂ e à extração intensiva de recursos naturais. "A pesquisa explora uma abordagem inovadora de economia circular para a indústria cimenteira, visando reduzir esse impacto e promover a sustentabilidade”, complementa Zanovello.
Dessa forma, no trabalho o autor investiga o uso do cimento reciclado termoativado (Recycled Portland Cement – R-PC), obtido pela desidratação de resíduos cimentícios a 500°C, e seu potencial como ligante engenheirado em combinação com fíler calcário e clínquer.
Entre os resultados, o estudo mostrou que é possível substituir até 70% do clínquer – o componente de maior impacto ambiental do cimento – por um resíduo de construção tratado termicamente, resultando numa emissão de CO₂ bem inferior.
Mateus Zanovello é professor do curso de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia.“O cimento reciclado engenheirado (eRC) atinge um desempenho semelhante ao do cimento convencional, e emite apenas 383 kg de CO₂ por tonelada, comparado aos 846 kg do cimento Portland puro, o que representa uma redução de 55% nas emissões. Contudo, para o estudo, contamos com a escala laboratorial. A implementação dessa tecnologia em escalas maiores contará com muitos outros desafios”, acrescenta o professor.
Reforçando a importância latente do tema, o estudo foi destaque na Princeton University, nos EUA. Desde a banca de qualificação, o tema foi de grande interesse de professores da instituição, como Claire White, que também passou a contribuir para o desenvolvimento do artigo final.
“Todo esse trabalho é importante para pensarmos em como implantar soluções baseadas em reciclagem e economia circular, o que pode contribuir para um desenvolvimento mais sustentável, reduzindo impactos ambientais e promovendo práticas que beneficiem tanto a sociedade atual quanto as futuras gerações”, finaliza Mateus Zanovello.
É possível conferir o artigo, realizado em parceria com a especialista Claire White, da Princeton University, por meio do link:
https://doi.org/10.1021/acssuschemeng.4c06567
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