Era Digital: entenda a importância do designer no processo de reinvenção dos livros, quadrinhos e game boards
Consumidores demandam cada vez mais peças físicas originais, sofisticadas e criativas
O design funciona integrando teorias de aprendizagem, princípios de design e tecnologia educacional
No mundo cada vez mais digital, o acesso à informação e ao entretenimento nunca foi tão fácil. Livros, quadrinhos e jogos de todas as partes do mundo estão disponíveis a um clique de distância. Essa alta disponibilidade de produtos digitais tem fomentado um fenômeno de valorização e ressignificação de produtos físicos, que agora podem ser vistos como "extraordinários".
Esse fenômeno tem impulsionado uma verdadeira revolução gráfica nos livros, quadrinhos e game boards. Para atender a essa demanda mercadológica, as empresas buscam cada vez mais profissionais da área de design capazes de produzir peças que expressem qualidade, criatividade e originalidade. Afinal, os consumidores desejam peças físicas que apresentem grandes diferenciais em relação às versões digitais.
Livros: da simplicidade ao arrojado
Alguns anos atrás, as capas dos livros buscavam uma estética mais minimalista, já que o principal objetivo das companhias era atrair um público amplo com baixos custos de produção. Entretanto o cenário mudou drasticamente, conforme aponta Everaldo Pereira, coordenador do curso de Design no Instituto Mauá de Tecnologia.
"Hoje, em comparação com o passado, vemos uma expressiva mudança: as capas estão-se tornando mais artísticas, com designs arrojados que buscam capturar a essência do livro de maneira visualmente impactante, como o visual da editora Darkside. Materiais de alta qualidade, como papéis especiais e laminações sofisticadas, estão-se tornando mais comuns. Essa nova abordagem não apenas valoriza o conteúdo do livro, mas também apela para um público que aprecia a arte gráfica e o design", ressalta.
Quadrinhos e game boards: da massa ao colecionável
Os quadrinhos também passaram por uma transformação significativa. O que antes era produzido em larga escala, com papel de baixo custo e impressão em cores limitadas, agora tende a ter edições de tiragem menor, capa dura e papel de alta qualidade.
"Um exemplo dessas mudanças são as edições da Conrad ou Comic Zone. As cores são marcantes, orientadas para uma experiência visual ainda mais alinhada à história narrada. A arte sequencial que vemos, em alguns casos, aproxima-se das artes abstratas, desafiando os limites dos quadros organizados. Essa mudança não só eleva os quadrinhos a um novo patamar de sofisticação, mas também posiciona-os como itens de colecionador, apreciados tanto pelo conteúdo quanto pela forma", explica o coordenador do curso de Design. Everaldo Pereira é coordenador do curso de Design no Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).
Os game boards não ficaram para trás nessa evolução gráfica. Alguns jogos de tabuleiro mais atuais são visualmente deslumbrantes, com ilustrações detalhadas e temáticas que enriquecem a experiência de jogo, como os jogos da Galápagos.
"Os materiais utilizados nesses jogos são de alta qualidade, com tabuleiros robustos, cartas laminadas e peças tridimensionais complexas. Essa atenção aos detalhes transforma a experiência do jogador em algo especial e memorável, e cabe ao profissional de design desenvolver todos esses passos", frisa Everaldo Pereira.
O papel do design na ressignificação do físico na era digital
A reinvenção gráfica dos produtos físicos pode ser vista, em parte, como uma resposta à saturação de conteúdos digitais. Na era digital em que a informação e o entretenimento são amplamente acessíveis e muitas vezes efêmeros, os produtos físicos de alta qualidade se destacam como algo tangível e duradouro. Eles oferecem uma experiência sensorial completa – visual, tátil e até olfativa – que o digital ainda não pode replicar.
Por isso, é imprescindível que os profissionais da área de design desenvolvam amplas habilidades técnicas e mercadológicas a fim de garantir produções adequadas para cada meio seja digital, seja físico.
"Para além de um movimento que representa uma resposta criativa e sofisticada à onipresença do digital, esse processo de reinvenção gráfica garante ainda mais mercado e importância para os projetos de design. Além disso, passamos a ter cada vez mais autonomia e liberdade de criação", finaliza Everaldo Pereira, coordenador do curso de Design no Instituto Mauá de Tecnologia.
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