Economia deve esfriar em 2023 e exige cautela
Com mudanças na política do País e influências externas, novo ano pode trazer dificuldades macroeconômicas
O ano já está chegando ao final e, com a entrada de um novo governo com um plano político e econômico diferente do atual, além de diversas questões externas que afetam o País e o mundo, é preciso estar atento às dificuldades de crescimento econômico em 2023. Segundo a previsão da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o crescimento da economia mundial deve passar de 3,1% neste ano para 2,2% no próximo, com uma leve alta, de 2,7%, em 2024.
Como explica o professor Francisco Olivieri, mestre em Administração estratégica e superintendente-geral do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), é necessário ficarmos atentos às forças que atuam no Brasil e no exterior, e que interferem na alta dos preços e no crescimento da economia. "A guerra da Ucrânia e Rússia continuará a impactar a economia global, mantendo os processos inflacionários, sobretudo nos primeiros meses do ano", prevê Olivieri. Nesse aspecto, o Brasil também recebe os impactos da inflação, por meio do aumento dos combustíveis e do custo do capital. “A inflação brasileira, embora exista em decorrência da economia global, fará sentir-se em menores taxas, como já ocorre, pelo fato de o preço dos alimentos nos atingir de forma mais amena”, acrescenta o especialista. Nos primeiros meses de 2023, o Brasil ainda deverá sentir os efeitos da inflação, principalmente com o aumento dos combustíveis.
Além disso, haja vista as influências internas, a economia tende a esfriar, principalmente em relação aos discursos referentes à responsabilidade fiscal emitidos pelo presidente eleito. “Quando os agentes econômicos percebem a pouca importância que se dá a compromissos de austeridade, sobretudo fiscais, a tendência é de fuga de recursos para o exterior, com a consequente diminuição de investimentos produtivos e o encarecimento das moedas estrangeiras, tornando os produtos importados mais caros. Mas, em contrapartida, os setores ligados ao agronegócio se beneficiam com maiores ganhos de exportação”, reflete.
Já nas relações internacionais, é possível prever uma volta do Brasil ao cenário mundial e multilateral. “Os benefícios são inquestionáveis e já vemos alterações positivas das relações brasileiras internacionais, nas participações do presidente eleito em eventos externos, por exemplo.” Porém, ele alerta que decisões como a PEC da transição, a qual tem despertado atenção de analistas, deveriam ser pensadas para um período limitado e curto, para que os desajustes fiscais possam ser domados e os riscos econômicos decorrentes sejam minimizados.
Neste momento de transição e com todos os impactos do cenário mundial, as perspectivas para 2023 demonstram a necessidade de um cuidado maior. “É fundamental ter cautela, principalmente quando se trata de um ano com mudança de governo. As projeções delineiam dificuldades macroeconômicas, dados os discursos que temos ouvido, relativos à condução da economia", conclui.
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