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edição 105 - Agosto de 2019

Entenda como ficará a economia com a Reforma da Previdência

Segundo o professor Ricardo Balistiero, especialista no assunto, a mudança é necessária, mas insuficiente para a retomada do crescimento sustentado da economia. Em curto prazo, é importante destacar, pode ser recessiva

O professor Ricardo Balistiero acredita que quanto maior a disciplina financeira, mais tranquilidade as pessoas e as famílias terão em relação ao futuro. Com tantas notícias a respeito da reforma da Previdência, fomos conversar com o coordenador do curso de Administração da Mauá, professor Ricardo Balistiero, especialista no assunto, para entendermos melhor todo esse novo cenário que se está formando e  como afetará a economia. Confira!

A Reforma

Para entendermos, a reforma está concentrada no combate aos privilégios, principalmente àqueles que diferenciavam o regime geral dos regimes especiais de aposentadoria. Nessa linha, a adoção de uma idade mínima elimina aquela que talvez seja a principal distorção do sistema, a possibilidade de  as pessoas se aposentarem por tempo de contribuição, fazendo do Brasil uma das raras economias do planeta a ainda adotar esse sistema. Além disso, o fim das aposentadorias com o último salário integral da ativa e o aumento da alíquota de contribuição previdenciária do funcionalismo público reforçam a correção das desigualdades.

Olhando para nossa economia, Balistiero aponta que existe um ambiente mais propício para a atração de investidores externos, uma vez que a percepção de colapso das contas públicas se reduziu consideravelmente. A expectativa é que o setor de infraestrutura receba consideráveis investimentos, auxiliando uma área da economia muito carente de recursos e que representa um enorme potencial de crescimento.

Entenda os pontos positivos e negativos

Segundo o especialista, o ponto positivo da reforma é a adoção de uma idade mínima para a aposentadoria, o que moderniza o sistema. “Agora, olhando o lado negativo, destaco a ausência de garantias para pessoas que podem chegar aos 50 anos (ou mais) sem emprego formal, ou mesmo para aquelas pessoas que porventura percam seu emprego após determinada idade. Haveria a necessidade da criação de alguma garantia que possibilitasse a esse grupo de pessoas acessar sua aposentadoria a partir da idade mínima. Além disso, foram  muito negativos  não só a exclusão (da reforma) de estados e municípios, como  também o adiamento das discussões sobre a aposentadoria de militares, ambas fontes incalculáveis de desperdício de recursos públicos”, comenta.

Outra questão que levantamos é se devemos esperar mais mudanças da reforma, e a resposta do professor foi afirmativa, uma vez que, no Brasil, a Previdência continua a ser matéria constitucional. “De tempos em tempos, considerando os avanços da Medicina e a elevação da expectativa de sobrevida (após os 60 anos), há necessidade de revisão dessa matéria, o que sempre obrigará discussões muito amplas e acaloradas, já que se trata de matéria constitucional”, comenta Balistiero.

Conselho

Por isso, o professor recomenda ser fundamental que as pessoas adotem a cultura de poupar,  antes de consumir. “Cada vez mais é necessário deixar de esperar o socorro do governo para questões como Saúde, Educação e Previdência. Quanto maior a disciplina financeira, mais tranquilidade as pessoas e as famílias terão em relação ao futuro, principalmente se não dependerem de recursos públicos” finaliza.

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