INFOMAUÁ Mauá
edição 104 - Julho de 2019

Quais são as perspectivas para a Taxa Selic em 2020?

O Superintendente Geral da Mauá, professor Francisco Olivieri, avalia com detalhes o cenário atual e os impactos esperados para ano que vem

Atualmente, a taxa é de 6,50% a.a. e o mercado já fala em uma taxa Selic em torno de 5,75% a.a. para 2020.

Com tantas notícias permeando nossa economia, conversamos com o Superintendente Geral do Instituto Mauá de Tecnologia, professor Francisco Olivieri, para entendermos mais sobre um assunto que está em evidência nos últimos meses: a Taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia).

Para que todos entendam, o professor explica que a Taxa Selic, é a taxa básica de juros da economia brasileira, ou seja, todas as demais taxas são formadas a partir dela. A Selic remunera os títulos de emissão do Tesouro Nacional que, por definição tem risco igual a zero.  Isso quer dizer que, qualquer ativo que tenha risco diferente deste, deve ter uma remuneração maior que a Selic.

Variáveis macroeconômicas e previdência privada interferem?

Algo que vem sendo apontado e muitas vezes não fica claro, é sobre as variáveis macroeconômicas, se possuem alguma forma para influenciar nas decisões das próximas reuniões do Copom relacionando com a taxa. Então, conversando com o professor Olivieri, ele esclarece que na verdade, não existem variáveis macroeconômicas, neste momento, associadas a alterações da taxa Selic, pois o Brasil não passa por um problema monetário e sim, fiscal. Mexer em taxa de juros enseja problema monetário, o que não existe, no momento.

Segundo o Superintende Geral do IMT, prof. Francisco Olivieri, a Taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e responsável por formar todas as outras.

Qualquer tentativa de se reduzir a taxa Selic para incentivar desenvolvimento via aumento de consumo por barateamento do crédito, não tem o menor sentido por, pelo menos, dois motivos. "O primeiro é que a redução da taxa não se transfere em valor para o sistema financeiro, haja visto que no patamar de 6,50 % ao ano, temos, por exemplo, taxas de juros de cheque especial para pessoas físicas, em bancos de primeira linha que chegam a 12,00% ao mês ou, cerca de 290,00 % ao ano. Para as pessoas jurídicas, o custo do financiamento do capital de giro está em torno de 2,63 % ao mês, ou seja, quase 37,00 % ao ano. O segundo motivo é que o consumo não ocorre, nas famílias, por conta da incerteza e do desemprego e, nas empresas, por falta de consumo de outras empresas e das famílias. É um círculo vicioso", esclarece o prof. Olivieri.

E falando de previdência privada, o Superintendente ressalta que o assunto pode contribuir para redução da taxa Selic e retomada do crescimento econômico, mas não é o único fator. "Quando se faz a reforma da previdência, o Governo Federal está começando a equacionar o problema fiscal que é um desequilíbrio de suas contas. Os gastos são maiores que os ingressos. Uma reforma tributária e um aumento da competitividade das indústrias de bens e serviços vão auxiliar na retomada do crescimento e do emprego, com possibilidade de redução da taxa básica de juros", destaca.

Expectativas para 2020

Atualmente, a taxa é de 6,50% a.a. e o mercado já fala em uma taxa Selic em torno de 5,75% a.a. para 2020. Mas, isso só deve acontecer se houver uma retomada do crescimento econômico pois, como já foi citado, não existem motivações para tal alteração.

A taxa de 6,50 % ao ano é um valor baixo o suficiente para gerar um estímulo na economia, se esse patamar for transferido para o crédito concedido pelo sistema financeiro nacional pois, 6,50 % a.a, nominais, descontada a inflação prevista de cerca de 4,00 % no período, resulta numa taxa real de juros de 2,40% a.a.. "Se considerado o risco do país de 250 pontos, ou seja, 2,50%, a taxa equivalente à taxa de juros básica dos EUA seria negativa em 0,10% a.a., o que afastaria os investidores estrangeiros", conclui Olivieri.

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