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edição 101 - Maio de 2019

Startup ou Franquia: qual seria a opção mais rentável para o empreendedorismo?

Conversamos com o prof. Afonso Braga, do Instituto Mauá de Tecnologia, para entendermos melhor o conceito de cada uma e como optar pelo caminho certo

Qual das opções é a melhor aposta para empreender?  O prof. Afonso explica que depende de diversos fatores; entre eles, capital disponível.

Como identificamos em outras oportunidades, o Empreendedorismo no Brasil vem crescendo e movimentando a economia do País. Isso ocorre porque muitas pessoas estão sem empregos e outras querem o próprio negócio com mais espaço e oportunidades de crescimento no mercado atual. Com isso, duas frentes que estão em ascensão são o da Franquia e da Startup. Então, para entendermos melhor cada uma, e até mesmo percebermos quais são as mais rentáveis diante de variações de perfis, conversamos com o professor de Marketing e Empreendedorismo do Instituto Mauá de Tecnologia, prof. Afonso Braga. 

Para iniciarmos, o professor explicou a diferença entre os conceitos. Vamos começar com a Franquia, um negócio focado numa marca já existente e estabelecida, como McDonald's, O Boticário, Cacau Show entre outras que, para expandir o seu mercado, utiliza-se de empreendedores individuais (ou grupo de investidores), que abrem uma unidade com capital próprio e, em contrapartida, têm a vantagem de trazerem a força da marca conhecida e de uma operação que comprovadamente funciona. Nesse caso, estabelece-se uma relação contratual Franqueador - Franqueado com compromissos para manter os padrões definidos pela marca e o Franqueado tem alguns custos como Franchise Fee (taxa para abertura da unidade) e royalties (% do faturamento líquido para ter o direito de uso da marca).

Antes de decidir abrir uma franquia ou começar uma Startup, o professor Afonso Braga explica cada conceito e como optar pelo caminho certo.

Uma startup,  por sua vez, é um negócio totalmente novo de uma marca desconhecida e uma operação nova, da qual não se conhecem detalhes para saber se vai dar certo ou não. A única semelhança com a Franquia é que são negócios iniciados por empreendedores individuais (ou grupo de investidores). Portanto startups são novos negócios, em geral micro, pequenas ou até médias empresas. Podem abranger desde uma nova padaria gourmet até iniciativas tecnológicas que usam Aplicativos, Inteligência Artificial, Bancos de Investimentos, popularmente conhecidas como Fintechs.

Perfil para escolha

Segundo o professor, saber qual dessas duas opções é a melhor aposta para empreender é algo muito relativo. "Não há uma resposta definitiva para isso;  depende do grau de risco que o empreendedor quer correr, do capital disponível, dos seus objetivos pessoais (necessidade financeira, de carreira etc.) e tantos outros fatores", destaca o prof. Afonso.

Generalizando, o prof. Afonso afirma que a escolha pode enquadrar-se da seguinte maneira:  quem busca menor risco, maior grau de certeza e segurança que o negócio vai funcionar (não necessariamente dar certo), tende a preferir as Franquias. "Costumo dizer que altos executivos que saem de grandes empresas com caixa para abrir um negócio e escolhem franquias, no fim do dia estão "comprando um emprego com aspectos de empreendedor", porque esse investidor seguirá tendo um 'chefe': o dono da Franquia", afirma.

Já quem é mais tolerante para aceitar riscos ou tem alguma ideia inovadora de um tipo de negócio que ainda não existe, provavelmente terá de buscar a rota de uma startup. O grande desafio será o de fazer o negócio ser sustentável financeiramente, com receita recorrente, custos sob controle e boas perspectivas de crescimento.

Falando de rentabilidade, diante desses conceitos, tudo é relativo, e depende do objetivo pessoal do empreendedor: se é de retorno sobre o investimento ou de margem líquida esperada. Em geral, se uma startup der certo, ela tende a ser mais rentável, pois tem de gerar maior retorno sobre o investimento devido ao risco inerente de qualquer novo negócio: a incerteza. Porém, se o que o empreendedor deseja tirar do novo negócio for seu sustento para o dia a dia,  então a opção de uma Franquia pode ser mais desejável.  

Cenário econômico atual: apostar em algo mais direcionado a uma franquia ou inovar com uma Startup?

Com o atual cenário econômico, escolher algo mais certeiro, para o professor, é difícil, pois existem muitas variáveis que podem impactar uma decisão de negócio; por exemplo: se o produto/serviço for direcionado ao mercado de luxo, o cenário econômico tem peso menor. A tendência é de quanto mais se buscar volume para gerar boa rentabilidade, esse tipo de negócio pode ser mais impactado negativamente em momentos de crise (carros populares, indústria civil etc.). Se for para batalhar no mercado de volume, é possível que a solução de Franquia seja interessante, pois vem suportada por verba geral de Marketing, força da marca, poder de barganha do franqueador como comprador de grandes volumes (reduz custo para todos os franqueados), entre outros.

No entanto inovações talvez sejam mais frutíferas em startups que são o ambiente ideal para se "prototiparem" ideias e logo abandoná-las, caso não funcionem. É o conceito conhecido como MVP (Minimum Viable Product), em que as startups testam e descartam rapidamente produtos e serviços, aprendem com os erros e acertos e logo partem para soluções otimizadas até chegar ao MVP. Aí começa a batalha de estruturar o negócio, gerar a compra recorrente e validar o modelo de negócios inicialmente imaginado. Então, o grande desafio das startups passa a ser a escala, ou "escalar" como se diz no mercado, que é crescer em ordem de grandeza de centena de milhares de reais para milhões de reais. 

Inovação e custo

"As startups são uma grande fonte de "ar fresco, de novo olhar" no mercado, portanto mais propensas à inovação. Como não precisam carregar grandes custos fixos, nem  estruturais, conseguem trabalhar em soluções que não caberiam em grandes empresas que precisam desde a largada de grandes volumes que justifiquem os investimentos em desenvolvimento (P&D). Por esse motivo, grandes empresas vêm 'encubando' startups dentro de suas estruturas, o que é bom para o empreendedor que conta com a estrutura de uma gigante sem o custo e, para a empresa,  traz a oportunidade de deparar com uma inovação que, se for viabilizada, pode-se tornar uma parceira de valor. Por vezes, a empresa acaba até assumindo a startup numa operação de fusão", comenta o prof. Braga.

O professor destaca ainda que, como exemplos de empresas que seguem essas direções, podemos citar o Itaú com o Cubo e a Oracle que, com o projeto Oracle Startup System (https://www.oracle.com/br/startup/), hospedam em suas estruturas empreendedores independentes, mas com potencial de gerar negócios sinérgicos aos seus hosts.

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