edição 67 - Novembro de 2015
Num campeonato de surfe de ondas grandes, a métrica utilizada para eleger um campeão é a medição da onda surfada. Ganha quem pegar a maior onda. No entanto, medir uma onda gigante, como as disputadas em campeonatos mundiais em todo o mundo, é uma tarefa subjetiva. Normalmente, a margem de erros da medição chega a 10 metros.
Aluno do IMT cria o BWTS, aparelho inédito que mede ondas gigantesFoi a partir desse raciocínio que o aluno Lucas Sawaya, da quarta série do curso de Engenharia Eletrônica do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), teve a ideia de desenvolver um sistema para reduzir a margem de erro na hora de medir as ondas gigantes.
“A ideia surgiu no final de 2014, quando eu estava indo para um campeonato de surfe na Praia da Baleia (litoral norte de São Paulo) e, por coincidência, o surfista profissional de ondas gigantes, Carlos Burle, iria ministrar uma palestra numa faculdade de Santos. Na palestra, Burle citou que a medição de uma onda gigante é muito subjetiva e isso interfere na decisão de competições e premiações mundiais”, afirma o aluno.
Batizado de Big Waves Triangulation System (BWTS), o sistema desenvolvido por Sawaya permite aos árbitros contarem com uma tecnologia que garante mais precisão do que o famoso "olhômetro". Com isso, a nota do atleta será aplicada com base no resultado do BWTS.
O primeiro teste do projeto será realizado na Praia de Nazaré (Portugal) no final deste ano, lugar em que a previsão é de ondas com 60 a 80 pés.
“Os surfistas estão muito ansiosos para conferirem o desempenho do projeto em ondas de 20m a 30m. Com certeza está sendo um marco na modalidade, pois nunca haviam implementado um módulo eletrônico numa prancha para esse tipo de medição. A aceitação está sendo perfeita. Agora é esperar a ondulação certa (cada praia tem a sua específica), encostar em Nazaré e colocar o projeto na água”, comemora.
O futuro engenheiro eletrônico também é surfista de bodysurfing (surfe de peito) desde 2007. Em 2012, ele abriu a primeira marca brasileira dessa modalidade, chamada WHOOZE | Bodysurf Religion.
“Já tenho alguns planos traçados quando retornar da viagem no final deste ano. O primeiro deles será analisar os dados adquiridos das pranchas dos surfistas e sincronizá-los com as imagens obtidas. Depois disso virão as implementações no projeto para ficar ainda mais preciso, com novos sensores, transmissões e outras novidades. Tenho também ideias de desenvolver produtos ligados a segurança do surfista, que é um tópico essencial nessa modalidade”, acrescenta.
O conhecimento adquirido nas aulas do curso de Engenharia Eletrônica da Mauá foi fundamental para que o aluno elaborasse o projeto. “Conceitos de Geometria Analítica, Computação e Física foram utilizados para aplicar a Engenharia Eletrônica no sistema de medição de ondas", comenta Lucas.
Como funciona o BWTS?
O BWTS é um sistema que utiliza um módulo eletrônico que será fixado na prancha do surfista. Por meio da câmera fotográfica de alta qualidade a captura do atleta ao longo do percurso na onda é realizada. Após ter surfado a onda, as imagens e os dados obtidos no módulo são descarregados num programa de computador para processamento. Com isso, os engenheiros conseguem medir com mais precisão os tamanhos das ondas. O projeto também conta com o apoio de importantes parceiros como a Apple, Rede Globo e o Instituto Mauá de Tecnologia.