edição 50 - Abril de 2014

Nos últimos meses, o preço dos empreendimentos no Brasil vem aumentando, o que causou preocupação para os consumidores e motivou estudo de especialistas. Segundo o índice FipeZap, o preço anunciado do metro quadrado, em ofertas de imóveis em 16 cidades do país, subiu 13,1% no perí odo de 12 meses encerrados em fevereiro. Contudo a expectativa de vendas continua alta. A Caixa Econômica Federal, maior financiadora de imóveis do Brasil, anunciou a projeção de oferecer R$ 154 bi em crédito imobiliário neste ano, um aumento de 14,2% em relação a 2013. Nos últimos anos, o banco multiplicou por 28 o volume destinado anualmente para esse segmento.
Esse cenário causou dúvidas sobre uma possível bolha imobiliária. Segundo o Prof. Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, existe, sim, uma bolha, mas não como a norte americana. ?O que caracteriza uma bolha é encontrar preços de imóveis superinflacionados. Entretanto não podemos comparar o que está acontecendo no Brasil com o que houve nos EUA, por causa de sua dimensão: a bolha estadunidense devastou o mundo inteiro. No Brasil, o cuidado deve ser quanto às pessoas ficarem endividadas?, alerta o especialista.
A especulação e crédito em excesso foram os combustíveis do estouro da bolha nos Estados Unidos em 2008. Um descontrole desproporcional entre investidores ávidos por lucrar, na crença de que os preços subiriam rapidamente em curto prazo, e compradores interessados em ocupar o imóvel criou um cenário especulativo e gerou uma oferta artificial no mercado. No Brasil, os bancos financiam em torno de 65% do valor do imóvel, enquanto nos EUA esse percentual atingiu 110% no auge do desequilíbrio.
O Banco Central analisou e divulgou que, se houvesse uma queda de 33% nos preços dos imóveis entre um dia e outro, o sistema não passaria por inadimplência. O órgão realizou a simulação a fim de antecipar se as instituições financeiras são capazes de absorver o impacto.
Mas o mercado imobiliário é cíclico e, pela primeira vez em quase dez anos, a locação comercial passa por um ajuste. ?No Grande ABC, nota-se uma explosão de oferta de salas comerciais. A dúvida está em se será possível locar todas as unidades. Afinal, com o excesso de oferta, o valor da locação cai?, alerta Balistiero.
Em geral, os preços dos imóveis continuam altos. O coordenador chama a atenção dos compradores para os dois eventos esportivos que acontecerão no Brasil. ?Tanto a Copa quanto as Olimpíadas aquecem o mercado imobiliário. Aposto numa queda de preços em meados de 2016?, diz. Para ele o ideal é postergar a compra. ?O mercado é ideal para a venda, mas quem precisar comprar deve aproveitar boas oportunidades e desconfiar. Sempre verifique a média de preços da região e se haverá mudanças no bairro futuramente?, encerra.