edição 33 | Julho de 2012    

Roberto de Aguiar Peixoto comenta os resultados da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20


O professor Roberto de Aguiar Peixoto esteve presente na Rio+20

Em junho deste ano,  ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, com o intuito de discutir e criar documentos que fundamentem diretrizes socioambientais mundiais. Embora a diplomacia brasileira, responsável pelo comando das negociações, tenha sido elogiada, o resultado foi controverso perante os diversos públicos interessados que hoje apresentam perfis bem diferentes desde a última reunião realizada em 1992.

Com o advento das mídias sociais e com o assunto cada vez mais discutido pela sociedade, a Rio+20 destacou-se por apresentar  dezenas de mesas-redondas, protestos criativos e passeatas de todos os tamanhos e para os mais diversos objetivos. Mas também houve espaço para fóruns de fomento a projetos, acordos de cooperação e negócios que renderam cerca de 700 mil compromissos voluntários entre ONGs, empresas, governos e universidades. O investimento foi estimado em torno de US$ 513 bilhões para ações de desenvolvimento sustentável nos próximos 10 anos.

Segundo o professor Roberto de Aguiar Peixoto, pró-reitor do Centro Universitário do  Instituto Mauá de Tecnologia, que participou de algumas atividades da Conferência, em uma delas como organizador de mesa-redonda sobre mudanças climáticas realizada no espaço Humanidade 2012 da FIESP, discutir é fundamental, entretanto nem todos saíram  satisfeitos. ?É importante reconhecer que este é um processo global com diferentes interesses geopolíticos. A Rio 92 foi mais impactante, entretanto o contexto era mais favorável, havia algo a ser desbravado. Nesta edição, o ponto forte foram as ações paralelas ao evento oficial que favoreceram as interações entre organizações científicas, empresariais, não governamentais e sociedade?, explica o especialista.

O documento final exigiu que todos os 193 países da ONU aprovassem por unanimidade os parágrafos, o que impediu controvérsias e metas numéricas. As iniciativas ficaram ao encargo dos chefes de Estado e de governo que se comprometeram a adotar planos locais para estímulo a padrões sustentáveis de produção e consumo.

A conferência chegou ao fim sem mesmo definir as indicações dos temas a serem tratados futuramente, no entanto com um sentimento da crescente necessidade da participação da Ciência e da Educação nos processos globais. ?Os estudos darão suporte para a adoção de políticas e avanços sustentáveis e a Educação será fundamental para consolidá-los?, opina o professor. 

Para o professor Peixoto,  as questões levantadas na Rio+20 têm uma dimensão de tempo diferente do cotidiano. ?Impactos ambientais globais envolvem gerações e, quando se trabalha para o amanhã, as responsabilidades ficam mais diluídas. Além disso,  as mudanças envolvem a discussão e harmonização de interesses econômicos de corporações e modificações de estruturas já estabelecidas?, comenta o pró-reitor.

Um resultado mais concreto aparecerá em meados de 2015,  quando a ONU deve apresentar não apenas diretrizes a serem perseguidas por todos os países como também a origem dos recursos financeiros para ajudar os países em desenvolvimento a cumprir os chamados Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. ?Para muitos,  o principal problema está em  quem vai pagar a conta, mas não é possível reduzir à esfera econômica somente a existência de um Fundo. É preciso criar mecanismos de transferência de tecnologias, diminuição de barreiras tarifárias, isenções de impostos, entre outros importantes pontos que se ligam à estrutura governamental e empresarial e que podem desencadear movimentos econômicos que ainda não podem ser devidamente contabilizados. Realmente,  estamos apenas no começo das ações para a implantação do Desenvolvimento Sustentável?, encerra o prof. Peixoto.

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