A inflação e o momento econômico brasileiro
Crédito deve ficar mais caro e menos acessível ao consumidor
O Brasil vive um momento econômico de controle da inflação. A forte entrada de dólares no País tem provocado o aumento da taxa de juros. Outros fatores contribuem para esse cenário. O País sediará dois eventos de importante visibilidade mundial, a Copa do Mundo em 2014 e as Olímpiadas no Rio de Janeiro em 2016.
Segundo Ricardo Balistiero, mestre e professor de Teoria Econômica e Economia Aplicada do Instituto Mauá de Tecnologia, o Brasil tem sido polo de atração de investimentos por causa do crescimento econômico. Além da vinda de capital externo, há também empresas brasileiras que estão captando dinheiro no exterior para aproveitar internamente a onda positiva de juros altos.
Devido principalmente aos eventos esportivos que serão sediados pelo País nos próximos anos, o setor de serviços atrelado ao turismo e também à construção civil, graças aos investimentos em infraestrutura, será o mais beneficiado.
Há, também, a questão do preço dos alimentos. “Por ser o Brasil essencialmente um exportador de commodities o preço interno sobe, uma vez que os preços no mercado internacional estão muito elevados”, diz Balistiero.
O governo brasileiro tem feito no momento exatamente o que se espera. “Ele (o governo) subiu os juros, tomou algumas medidas para poder controlar o volume de crédito disponível no mercado e reduzir a demanda que está muito aquecida. Não há mais o que fazer”, completa o economista.
A populacão, no entanto, deverá sentir algumas consequências desse controle estabelecido pelo governo: o crédito vai ficar mais caro e mais difícil de conseguir, e não haverá mais tanta possibilidade de parcelamento, nem a mesma elasticidade de pagamento como a de hoje.
Por isso, a dica do professor Balistiero para a população é comprar à vista, negociando um bom desconto. “Tudo para que as suas finanças não sejam comprometidas em médio e longo prazos com prestações a perder de vista, que terão uma carga muito alta de juros e que o crescimento da renda não acompanha”, conclui.
Para aqueles que precisam fazer uma compra a prazo, é recomendável optar pelo menor prazo de pagamento possível. “Quanto menor, melhor. E, se você já estiver endividado, tente renegociar a dívida por meio de um crédito consignado ou opte por fazer dívida com alguém da família. O importante é trocar a dívida por uma mais barata”, aconselha Balistiero.
A partir dessas medidas de contenção adotadas pelo governo, espera-se que a economia brasileira cresça entre 4,0% e 4,5% em 2011, índice bem menor se comparado ao de 7,5% registrado em 2010. “Mesmo sendo menor, é importante crescer de maneira saudável, controlando a inflação para que permaneça na meta”, esclarece Balistiero.
Já para os alunos dos cursos de Administração, a dica é aproveitar o momento econômico para discutir os fatores de risco envolvidos nas operações. As oportunidades que uma crise econômica pode gerar para os negócios, a ética no mercado financeiro e os controles exercidos pelo governo são temas emergentes. “Na disciplina Seminário, lecionada aos alunos do 5.º semestre do curso de Administração, vamos trabalhar as consequências financeiras da crise econômica desde 2008”, revela o professor.
|