Preços dos alimentos devem desacelerar em 2025
Desaceleração na inflação dos alimentos está prevista para o primeiro semestre do ano, porém impacto nas famílias de baixa renda deve continuar
A inflação dos alimentos, que fechou 2024 com uma alta de 7,7% em relação ao ano anterior, deve apresentar uma desaceleração ao longo de 2025, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial. Em janeiro, o grupo de alimentação subiu 0,96%, um nível inferior ao de 1,18% registrado em dezembro, indicando uma tendência de alívio para o consumidor.
O economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, destaca que a melhora na safra de grãos e a estabilidade do câmbio podem contribuir para a redução do ritmo de alta dos alimentos nos próximos meses. "A perspectiva é de uma safra muito positiva no primeiro semestre de 2025, diferentemente do que ocorreu em 2024. Com um aumento na oferta de alimentos, é esperado um movimento de acomodação nos preços, especialmente a partir da virada do semestre", Ricardo Balistiero, economista e coordenador do curso de Administração do IMT. explica.
Entre os produtos que já apresentam sinais de queda nos preços estão o óleo de soja e o leite, cujas inflações diminuíram em janeiro. A carne também teve uma desaceleração na alta, mas a forte demanda externa e a redução no ritmo de abates podem limitar o impacto dessa tendência. Itens como café e laranja, entretanto, devem continuar pressionando o orçamento dos consumidores devido a problemas nas safras.
As previsões indicam que a inflação dos alimentos no final de 2025 pode ficar entre 6% e 6,5%, conforme estimam especialistas da MB Associados. Entre os fatores que contribuem para esse cenário estão a previsão de melhora climática e a recente desvalorização do dólar, que impacta os custos de produção e exportação.
Apesar da expectativa de desaceleração, Balistiero alerta que o impacto pode ser menos significativo para as famílias de baixa renda, que já enfrentam uma alta acumulada expressiva nos preços de alimentos nos últimos anos. "De janeiro de 2020 a dezembro de 2024, os preços da alimentação subiram 55%, enquanto o IPCA geral aumentou 33%. Como os salários são corrigidos pelo IPCA ou algo próximo a ele, esse descompasso tem um peso maior para as famílias que destinam a maior parte da renda para a compra de alimentos", ressalta o economista.
Dessa forma, enquanto a perspectiva para 2025 é de uma inflação mais branda no setor alimentício, o efeito no orçamento das famílias brasileiras, especialmente as de menor renda, ainda será um desafio.
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