Ex-aluna da Mauá relembra sua trajetória e experiência com sustentabilidade e agronegócio
Formada em 2003, Thais Neves é a primeira diretora de Operações Agroindustriais de uma das maiores empresas do País
Thais Fornicola Neves formou-se em Engenharia Elétrica em 2003, no IMT, e hoje é diretora de Operações Agroindustriais da Raízen, uma das maiores empresas de agronegócio e soluções de energia do Brasil, onde lidera cinco unidades produtoras de açúcar, etanol e bioenergia, incluindo a única planta de etanol celulósico em operação no mundo em escala industrial.
"Para minha graduação, escolhi fazer Engenharia Elétrica com ênfase em Telecom. Na época, houve uma explosão dessa área no Brasil, então entendi que era um mercado que iria crescer muito. Além disso, recebi a influência do meu pai, que tem uma empresa de painéis elétricos, o que também direcionou um pouquinho o meu caminho, já que eu admirava muito o trabalho dele", relembra a diretora.
A executiva também participou de um programa de formação na Accenture, consultoria americana de processos e sistemas, onde atuou por cinco anos e fez projetos de implementação de sistemas para empresas como Ambev, Unilever e Carrefour. “A formação na Mauá foi bastante importante, pois me deu as bases para que eu tivesse uma carreira versátil em diferentes mercados e processos", conta. Thais também passou um ano em Barcelona, para se especializar com um MBA e, ao retornar, começou a atuar na Cosan, no setor de agronegócios, no qual permanece até hoje.
Em 13 anos trabalhando com a Cosan e a Raízen, passou por diversas áreas durante a sua carreira, como financeira, de manutenção automotiva, de processos de RH, de governança, de logística e, há quatro anos, está na liderança da área de operações agroindustriais. "Sem dúvida, a Mauá teve um papel muito importante na minha formação, na maneira como eu encaro os problemas, de forma mais analítica e com um pensamento sistêmico. Tanto para a resolução de problemas, quanto em termos de relacionamento interpessoal, eu aprendi muito." Thais Neves lidera cinco unidades produtoras de açúcar, etanol e bioenergia na Raízen.
Com uma rotina intensa e dois filhos, ela conta sua experiência agitada e dinâmica como diretora agroindustrial. "É um trabalho que vai desde o planejamento da implantação da lavoura, do trato, da colheita e tudo que vem subsequentemente a isso, até a operação industrial propriamente dita." Hoje, ela é responsável por 3 mil funcionários nas unidades em que atua na região de Piracicaba. "Minha principal função é manter essas pessoas seguras e felizes, para que possam entregar o melhor delas, e também das diretrizes, para que a gente tenha uma operação com rentabilidade e eficiência adequadas ao nosso negócio." No polo onde atua, é responsável também pela planta de biogás, que fecha o ciclo da economia circular e onde todos os resíduos dos processos industriais são reutilizados para mais produção de bioenergia.
Sobre o mercado da área, a executiva ressalta que a sustentabilidade e o ESG estão cada vez mais na agenda não só das corporações, mas também das nações. "Na Raízen, por exemplo, estamos muito voltados para o plano de crescimento gigante, entregando soluções renováveis com o uso do etanol de segunda geração e do biogás, com produtos que participam cada vez mais da jornada de descarbonização no mundo."
Com forte atuação na causa das mulheres e da diversidade, a empresária ainda administra um perfil no Instagram intitulado “@vamosjuntasnoagro”, no qual aborda temas do setor. "Fui a primeira mulher diretora agroindustrial, a primeira gerente de manutenção automotiva, pioneira nessas áreas na empresa em que trabalho, uma das maiores do agronegócio do Brasil. Então, eu me senti com a responsabilidade de puxar a agenda no comitê de diversidade no mercado do agronegócio."
A diretora também foi reconhecida no ranking da Forbes, que destaca as cem mulheres mais poderosas do agro. "Hoje, meu propósito é abrir caminho para as mulheres no agronegócio, para facilitar essa jornada e conscientizar toda a liderança do agronegócio da importância de ter mais diversidade, para a sustentabilidade do nosso negócio, dos nossos resultados, das soluções que sejam implementadas de forma mais ampla, levando em consideração muito mais pessoas, e não só quem sempre esteve aqui no agro", finaliza Thais.
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