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edição 121 - Abril de 2021

O que esperar dos preços dos combustíveis durante o primeiro semestre de 2021

A gasolina chegou a acumular alta de 54% neste ano. O diesel, de 41%.

Prof. Dr. Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia

Ao longo dos primeiros meses de 2021, a Petrobras anunciou diversos reajustes nos preços da gasolina e do diesel. Influenciada pela continuidade da pandemia, a estatal já notificou sete reajustes de preço neste ano, acumulando uma média de um novo aumento a cada onze dias. Na última sexta-feira (19.03), no entanto, a petroleira anunciou a primeira queda do ano no preço da gasolina, enquanto o valor do diesel não teve variação. Afinal, o que esperar dos preços dos combustíveis durante os próximos meses?

Para compreender o que motivou os aumentos nos preços, o prof. Dr. Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, reforça que o petróleo é uma commodity e, portanto, tem cotação internacional. Dessa forma, a política de preços da Petrobras deve estar alinhada aos valores do mercado internacional, que já acumulam alta de 75% no ano. Ainda, a alta da taxa de câmbio também gerou impacto nos reajustes. "De uma cesta de moedas do mundo, o Real foi a que mais perdeu valor em 2020. É um ponto que pressiona muito as importações, principalmente as de derivados, como os de petróleo", comenta o Professor.

A tendência é a continuidade de aumento nos preços dos combustíveis ao longo do ano

Em outra perspectiva, por causa da importância do combustível como insumo, a alta também pode ser refletida em outros setores da cadeia produtiva. Seja como insumo industrial, para a área de logística, seja até mesmo de energia, já que o combustível é muito importante e sua variação de preços é significativa para a inflação.

Com relação ao semestre, a tendência é de continuidade no aumento nos preços. Motivada pela aceleração das campanhas de vacinação ao redor do mundo, a economia mundial deve ganhar tração e a demanda por petróleo tende a subir no mercado internacional. O Brasil, por sua vez, depende da implementação da vacinação em massa, que ainda gera insegurança. "Certamente não será o mesmo impacto que tivemos nos últimos três meses, mas pela forte expectativa de retomada da economia mundial, em alguns países com bastante força, como China e Estados Unidos, o preço do petróleo deve continuar em alta no mercado externo.", completa Balistiero.

Neste momento, para amenizar o impacto dos aumentos, uma atenção maior deve ser direcionada às medidas populistas, como a tentativa de controle do preço do petróleo, medidas que devem ser descartadas. De acordo com o coordenador, uma boa saída para resultados de curto prazo seria uma negociação com governadores, visto que parte dos tributos que incidem sobre a gasolina são estaduais, para o estabelecimento de um auxílio tributário que permitisse amortecer o choque causado pelas altas. Já para médio/longo prazos, o recomendado seria um colchão de liquidez, que possibilitasse a regulação dos preços por intermédio desse fundo tributário. Desse modo, a Petrobras poderia continuar trabalhando com preços realistas, ao mesmo tempo em que o consumidor final não seria tão penalizado.                        

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