O que esperar economicamente do Brasil para 2021?
Coordenador do curso de Administração, Ricardo Balistiero, alerta que o País precisa de uma retomada do crescimento sustentado
O desemprego deverá continuar alto e tende a subir no primeiro trimestre deste ano, alerta prof. Ricardo Balistiero, economista da Mauá
Não há um número oficial de 2020 com relação à recessão econômica, mas estima-se que deve ficar entre 4,5% e 5%. Esses números representam uma queda muito forte no PIB (Produto Interno Bruto), mas ainda é menor do que aquela que foi projetada no meio do ano passado, quando não se tinha ideia do comportamento, por exemplo, do mercado consumidor interno quanto ao auxílio emergencial.
Para 2021, estima-se um crescimento em torno de 3%. "Não é um crescimento que faça com que o País retome ao mesmo patamar anterior ao início da pandemia, já que nossa recuperação não foi plena, diferentemente do que aconteceu na China, por exemplo. Logo, é um ano com um certo crescimento econômico, porém ainda com muitos desafios e dificuldades para a economia brasileira", diz o Prof. Dr. Ricardo Balistiero, economista e coordenador do curso de Administração do Centro Universitário Instituto Mauá de Tecnologia.
Sobre os impostos, não há uma predisposição para seu aumento durante este ano, pelo menos não no Congresso, já que os deputados não mostraram nenhuma disposição para isso. Porém ainda é necessário cautela, pois o desemprego deverá continuar alto e tende a subir no primeiro trimestre, além de não haver previsão de que termine o ano abaixo de dois dígitos.
Já a inflação teve um repique no ano passado no que tange principalmente ao câmbio. Porém estima-se que ela não seja um problema para este ano. O Banco Central já sinalizou que deve subir a taxa básica de juros (Selic), porém a inflação em si estará dentro da meta de 3,75%, ou seja, não deverá ser uma preocupação nesste momento.
O Brasil precisa de uma retomada do crescimento sustentado, que ocorre quando o País cresce durante um longo período de tempo sem parar
Mesmo se houver um pequeno crescimento, o desenvolvimento econômico do País ainda está muito longe do ideal. "O Brasil precisa de uma retomada do crescimento sustentado, que ocorre quando o país cresce durante um longo período de tempo sem parar. O que temos visto nos últimos 40 anos é o crescimento em alguns anos e a recessão em outros, o que chamamos de política de "stop and go", na qual o país cresce e decresce, impedindo esse avanço. Dessa forma, desenvolver acontece quando o país cresce e as pessoas percebem mudanças qualitativas para melhor. Quando isso não ocorre, essas mudanças qualitativas são para pior, o que tem mais acontecido no Brasil nos últimos seis anos", completa Balistiero.
Vale lembrar que os investidores internacionais apresentam diversas restrições com relação às atitudes políticas do Brasil. Além disso, há diversos sinais dúbios emitidos pelo governo também para os agentes internos, como foi o caso das ações da Petrobrás recentemente, por exemplo. Houve uma ameaça por parte do governo de interferir nos preços do petróleo e, no dia seguinte, as ações da empresa começaram a cair. Nesse cenário, desacredita-se muito das perspectivas de crescimento no Brasil, o que dificulta ainda mais os objetivos de desenvolvimento em 2021.
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