INFOMAUÁ Mauá
edição 115 - Agosto de 2020

O que esperar da economia para o segundo semestre de 2020?

Superintendente Geral da Mauá, professor Francisco Olivieri, analisa impacto da pandemia no mercado brasileiro e internacional

Desde o início da pandemia, 570.000 empresas foram fechadas no Brasil.

O choque provocado pela paralisação de diversos setores da indústria, comércio e serviços com o intuito de diminuir a disseminação do novo coronavírus abalou profundamente o mercado mundial. Agora, meses após o início das medidas de isolamento, as grandes economias começam a se movimentar novamente e buscam soluções para os desafios impostos pela nova realidade. No entanto, para o professor Francisco Olivieri, Superintendente Geral do Instituto Mauá de Tecnologia, as perspectivas para os próximos meses não são positivas.

Professor Francisco Olivieri, Superintendente Geral da Mauá, acredita que o País deve apresentar crescimento apenas em 2021.

No Brasil, o número oficial de infectados pelo novo vírus continua crescendo, passando de dois milhões de casos confirmados e 90 mil mortes. Mas a realidade pode ser ainda mais grave. "Em estudos feitos por pesquisadores de universidades estaduais do interior de São Paulo, esse número deve estar subestimado na taxa de quatro vezes, ou seja, o número real de contaminados deve ser de quase 8,5 milhões de pessoas", diz Olivieri. Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pelotas, encomendada pelo Ministério da Saúde,  alerta para o fato de que o total de infectados pode ser maior, chegando a seis vezes o número anunciado.

Mesmo diante de dados incertos, muitas cidades começaram a autorizar a retomada de atividades. "As tentativas de abertura dos negócios, para diminuir os prejuízos na economia, incrementou, dias depois, o contágio. O número de mortos, que estava estabilizando, retomou o crescimento e hoje são quase 1,6 mil óbitos por dia". Por isso, o superintendente da Mauá acredita que ainda pode ser necessário recorrer a um lockdown, mesmo que regionalizado.

Para a economia, as consequências desse cenário são sentidas. Segundo Olivieri, mais de 570.000 empresas foram fechadas, após o evento da pandemia, sobretudo pequenos negócios. Atrelado a isso vem o desemprego. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de desempregados no País chegou a 13,1% no fim de junho e continuará aumentando nos próximos meses, mesmo com a reabertura da economia.

O quadro deve-se agravar ainda mais no futuro, afirma Olivieri. "Dados do INEP mostram que 10 milhões de jovens não concluíram o ensino médio. Resultado? Mão de obra não qualificada alijada do mercado de trabalho que, cada vez mais, digitaliza processos."

Retomada e modernização

Apesar do cenário desfavorável, Olivieri afirma que já é possível ver sinais de movimentação na economia brasileira. "Grandes empresas começam a se mover para realizarem alguns investimentos em modernização. Não há como competir no exterior sem investir em modernização e eficiência", assegura. "Para este semestre, existem programados alguns IPOs, pois o mercado está propenso para isso. Com uma taxa SELIC de 2,25% a.a., o investidor irá buscar maiores números na renda variável, o que viabiliza processos de capitalização por meio da bolsa de valores."

Outro setor que retomou algum crescimento é o mercado imobiliário. "Construtoras começaram a desovar estoques de imóveis, mas isso se verifica, em sua maior parte, em São Paulo. E o resto do País?".

O professor ressalta, porém, que a recuperação da economia nacional não depende apenas de movimentos internos, permanecendo atrelada à recuperação de outros países. "A economia mundial começa a se movimentar, mas notícias sobre a China frustraram os investidores. Seu crescimento está aquém do esperado."

Para Olivieri, neste ano a estagnação e os prejuízos estão assimilados e não há perspectivas econômicas positivas. "Podemos esperar algum esboço de crescimento apenas para o segundo semestre de 2021", conclui.

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