INFOMAUÁ Mauá
edição 115 - Agosto de 2020

Eficiência do etanol contra o coronavírus

Álcool elimina o vírus causador da Covid-19: atua como desidratante e danifica sua barreira lipídica

O uso do álcool 70° leva à ruptura da barreira lipídica do coronavírus.

Em todo o mundo, a ciência ainda enfrenta muitas dúvidas com relação ao novo coronavírus, sua ação no organismo, as formas de contaminação e como tratar a Covid-19, causada por ele. No entanto as características do vírus já foram determinadas e já se sabe como desinfetar superfícies e ambientes de forma eficaz.

Além da recomendação médica para que as pessoas lavem as mãos com água e sabão com frequência e sempre que tocarem em objetos compartilhados, o uso do álcool 70também é eficiente para combater o coronavírus.

Juliana Ribeiro Cordeiro, professora da disciplina de Química Geral do Instituto Mauá de Tecnologia, explica* que a cápsula que protege o material genético do vírus é constituída de uma bicamada lipídica ou fosfolipídica, que age como barreira seletiva para a entrada de substâncias no interior desse organismo e como suporte para interação com as membranas lipídicas das células que o vírus ataca.

"Em contato com o vírus, o etanol começa a danificar a barreira lipídica desse organismo, visto que o álcool, molécula anfifílica, tem a capacidade de interagir com lipídeos (gorduras), devido à sua estrutura química e polaridade", diz Juliana. Além disso, o álcool puro atua como desidratante, removendo água do interior do vírus, devido às intensas interações intermoleculares de ligações de hidrogênio que ocorrem entre o grupo hidroxila do etanol e a molécula de água. "Vale ressaltar, porém, que esse processo não garante que o vírus desidratado não possa recuperar-se caso ocorra uma melhoria de suas condições ambientais."

Juliana Ribeiro Cordeiro, professora de Química Geral da Mauá, afirma que o álcool 70° é eficiente para combater o coronavírus.

O álcool puro apresenta algumas restrições em sua eficácia, e sua evaporação rápida restringe o tempo de ação contra os microrganismos. Por isso, procura-se utilizar soluções aquosas de etanol como sanitizantes mais adequados.

Segundo a professora da Mauá, a recomendação é pelo uso do álcool 70o, que leva à ruptura da barreira lipídica pela interação entre o álcool e a membrana, o que permite a entrada da solução aquosa de álcool no interior do vírus e a saída de proteínas virais da cápsula enfraquecida.

"A interação entre o etanol e as proteínas virais levam à desnaturação dessas, eliminando, assim, o vírus. Nesse processo de desnaturação, as proteínas perdem as suas funções e a célula morre rapidamente", detalha.

Juliana Ribeiro ressalta que o álcool 70o é nome comercial do álcool 70o INPM (solução aquosa contendo 70% em massa de álcool) ou 77o GL (solução aquosa contendo 77% em volume de álcool). "Outras proporções entre álcool e água (46o GL, por exemplo) não alcançam essa combinação de efeitos de destruição da barreira e desnaturação de proteínas do vírus;  não são comprovadamente eficientes', conclui.

*Texto desenvolvido com a colaboração do Professor Luís Geraldo Cardoso dos Santos, do Instituto Mauá de Tecnologia e da  Farmacêutica Maria Elena de Amorim.

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