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Embalagens Plásticas – a busca pela melhor solução continua
(*) por Antonio Carlos Dantas Cabral
Coordenador da Especialização em Engenharia de Embalagens, Prof. Antonio Carlos Dantas Cabral, fala sobre as polêmicas sacolas plásticas
As sacolas plásticas oferecidas nos supermercados para os consumidores colocarem os produtos adquiridos e os transportarem até as suas residências têm sido tema de muitas discussões na mídia e entre os cidadãos.
Há aqueles que apregoam o banimento dessas e de todas as outras embalagens, como se elas fossem as grandes vilãs de toda a poluição ambiental e as grandes responsáveis pelos danos causados ao meio ambiente.
Há também aqueles, como eu, que as consideram úteis e que, se usadas, reutilizadas, recicladas e, finalmente, descartadas de forma inteligente, em muito contribuiriam para a qualidade de vida dos consumidores.
O fato é que as acaloradas discussões trouxeram à tona o tema “embalagens biodegradáveis”, apresentando-as como uma das soluções viáveis para o descarte irresponsável, que aumenta a quantidade de resíduos sólidos urbanos (RSU), hoje um dos principais problemas ambientais dos centros urbanos. As pessoas jogam as embalagens no lixo – ou nas ruas – e gostariam que elas desaparecessem sem deixar vestígios nem causassem nenhum tipo de dano ambiental, o que é impossível.
As sacolas plásticas utilizadas nos supermercados são fabricadas com polietileno, um polímero (que é uma grande molécula) do etileno, cuja matéria-prima tradicional é o petróleo. Mais recentemente, foi desenvolvida tecnologia para utilizar o etanol como matéria-prima para produção desse polímero. Quando exposto ao ambiente, por efeito da temperatura, do oxigênio e dos micro-organismos, o polietileno quebra-se em moléculas menores que, após muito tempo, serão novamente absorvidas pela natureza. Quando o material é oxi/biodegradável, esse tempo de quebra é menor e os resíduos “deixam de ser vistos” mais rapidamente. O impacto ambiental é praticamente o mesmo.
Os plásticos biodegradáveis ou oxidegradáveis são, portanto, definidos como aqueles que podem ser decompostos mais rapidamente que os demais, porque a sua estrutura permite a ação mais rápida dos agentes presentes no meio em que são descartados.
O ponto que deve ser questionado é o seguinte: se a natureza demorou muitos anos para “fabricar” o petróleo - recurso não renovável - e o homem utilizou muita energia para transformá-lo em plástico e posteriormente em embalagem, não é justo descartá-la sem reutilizá-la ou reciclá-la. Os recursos financeiros, o tempo, a energia e a inteligência dos cidadãos e dos governantes que os representam poderiam ser muito mais bem utilizados na implantação de um programa de reaproveitamento de todos os RSU, que contemplasse as seguintes ações:
- no âmbito empresarial
- desenvolver embalagem que utilize menos material e que proteja o seu conteúdo adequadamente;
- no âmbito do poder público
- melhor utilização dos tributos que a população paga para implantar um efetivo programa de coleta seletiva de embalagens e de resíduos orgânicos, destinando os primeiros à revalorização e os outros à compostagem;
- conscientização da população para o DESCARTE RESPONSÁVEL de embalagens e resíduos. O lixo urbano brasileiro é um dos mais ricos do mundo em alimentos.
O caminho a seguir é esse!
Fica claro que as embalagens oxi/biodegradáveis não resolvem o problema. Sua grande característica é deixar mais rapidamente de incomodar as pessoas com a sua presença.
Quando descartadas inadequadamente, as sacolas plásticas tornam-se um dos principais problemas ambientais das grandes cidades
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