O que esperar da economia brasileira durante 2022?
A economia do Brasil deve crescer entre 0,8% e 1,9%
O Fundo Monetário Internacional (FMI) e outras consultorias brasileiras acreditam que a economia do Brasil deverá crescer entre 0,8% e 1,9% neste ano
A desvalorização do real, crise hídrica, juros "surrealistas", aumentos constantes dos alimentos, dos combustíveis, da taxa Selic etc. Essas foram as principais notícias da área econômica no Brasil durante 2021. Entretanto, independentemente do viés pessimista ou otimista, é certo que, para mudar esse cenário, deverá haver muito esforço e colaboração de todos neste ano.
De acordo com uma análise do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de consultorias brasileiras, a economia do Brasil deverá crescer entre 0,8% e 1,9% em 2022. Para comparação, a média de crescimento dos países emergentes está com previsão de 5,1%. Para tentar controlar os desajustes na economia brasileira, no começo deste mês o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, subir a taxa básica de juros (Selic) em 1,5 ponto percentual, de 9,25% para 10,75% ao ano - maior patamar desde maio de 2017 (11,25%).
O Superintendente-Geral do IMT, prof. Francisco Olivieri, alerta que a taxa Selic a 10,75% ao ano pode ocasionar uma retração no consumo das famílias
"Com o aumento da taxa Selic, espera-se uma retração no consumo das famílias, tendo em vista o aumento do custo do crédito. Isso deve reduzir o crescimento das atividades ligadas ao consumo de bens e serviços. Por sua vez, o aumento da taxa básica da economia brasileira evidencia um afluxo de capital estrangeiro, porém, em sua maior parte, especulativo. Afinal de contas, temos uma das maiores taxas de juros do mundo", alerta o superintendente-geral do Instituto Mauá de Tecnologia, prof. Francisco Olivieri.
Esse ingresso de capitais estrangeiros influencia a apreciação do Real, uma vez que o mercado recebe grandes volumes de moeda estrangeira, o que fortalece a nacional. A bolsa de valores brasileira tem um ganho acumulado, até 15 de fevereiro, de quase 10%, por causa dos investidores estrangeiros. "O crescimento da economia mundial propicia a manutenção da demanda de commodities, e isso deve beneficiar o agronegócio e os exportadores de minérios, a despeito da valorização do real", diz Olivieri.
Vale lembrar que, neste ano, o Brasil passará por acirradas eleições presidenciais, e não há como negar que o pleito pode influenciar a economia de forma negativa, já que os candidatos mais cotados têm planos que se traduzem em retrocessos e não de desenvolvimento econômico.
"Existem fatos que, se concretizados, vão-se transformar numa bomba-relógio fiscal para o próximo inquilino do Palácio do Planalto. Os planos de retirada de tributos dos combustíveis e os vales-diesel e vales-gás trarão forte desequilíbrio fiscal, o que poderá traduzir-se em mais estagflação, ou seja: estagnação econômica combinada com inflação. Além disso, de acordo com uma pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), a tendência é a de que os bancos reduzam a oferta de crédito em 2022, devido ao possível risco de inadimplência. É esperar para ver", conclui Olivieri.
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