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edição 127 - Outubro de 2021

Seminovos em alta: venda de carros usados cresce 54% em 2021

O País já representa o terceiro maior mercado de seminovos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e China

A produção de veículos zero-quilômetro foi drasticamente reduzida no Brasil durante a pandemia da COVID-19

A produção de veículos zero-quilômetro foi drasticamente reduzida no Brasil durante a pandemia da COVID-19. Ao longo dos últimos meses, a indústria automobilística brasileira sofreu com a quebra das cadeias produtivas globais, especialmente devido à escassez de chips semicondutores no mercado externo, o que incentivou a expressiva alta de 54% na venda de carros usados em 2021.

"Hoje, um dos principais componentes de automóveis zero-quilômetro é o chip semicondutor, que não está chegando ao Brasil. A situação deixa muito claro que o País é apenas um montador de veículos;  nada é produzido integralmente aqui", destaca o prof. dr. Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia. "Por consequência, em situações de falta de peças no mercado e ruptura das cadeias, a produção nacional é fortemente afetada, e ganham espaço os veículos seminovos e usados, tal como estamos presenciando", explica Balistiero. O Brasil é um dos mercados mais atraentes do segmento, e já representa o terceiro maior comércio de seminovos do mundo, atrás apenas dos  Estados Unidos e China.

A alta demanda por carros usados, no entanto, têm impactado diretamente um aspecto relevante: os preços. De acordo com um levantamento da Kelley Blue Book (KBB), os preços dos carros zero-quilômetro subiram 8,3% até julho; entre os seminovos, os aumentos chegaram a 18% enquanto houve reajustes de até 24% para os usados mais antigos.

Felizmente, segundo o professor, a tendência é a de que o País retome a importação dos chips e regularize a produção de carros-zero nos próximos meses. "A indústria automobilística no Brasil é implacável. Na tempestade e na bonança, os preços dos carros zero-quilômetro sempre sobem. Mas o valor dos seminovos e usados tende a se estabilizar com a retomada", aponta Balistiero.       

Com relação ao futuro, o professor defende que as pautas do calendário eleitoral de 2022 serão determinantes, e uma mudança de ares políticos, a partir de 2023, fundamental. "Temos um elevado potencial de crescimento econômico, seja pela capacidade ociosa acumulada, seja pelo que ainda precisa ser construído (ou reconstruído). É possível, sim, botar o País de novo numa rota de crescimento muito interessante, desde que os esforços estejam alinhados àquilo de que o Brasil realmente precisa, e não a serviço de interesses de uma parcela minoritária da elite política", conclui.

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