O que esperar dos juros altos e da inflação nos EUA
Impactos da política monetária americana moldam o futuro do Brasil
O comportamento da política monetária dos EUA segue como peça- chave para entender o rumo da economia mundial. As decisões do Federal Reserve sobre juros têm efeito direto em países emergentes como o Brasil, ao influenciar o câmbio, os custos de produção e, consequentemente, a inflação.
“O recente aumento da inflação americana para 2,9% em agosto de 2025 reforça o desafio do FED em manter a taxa próxima da meta de 2%. O aumento das tarifas e a intervenção do governo estadunidense nos preços internos contribuem para elevar as pressões inflacionárias, que podem prolongar-se até 2026. Isso deve obrigar o Federal Reserve a recalibrar suas decisões e, possivelmente, voltar a subir os juros no próximo ano”, explica Ricardo Balistiero, economista e professor do Núcleo de Negócios do Instituto Mauá de Tecnologia.
Ricardo Balistiero - Economista e Professor do Núcleo de Negócios do Instituto Mauá de Tecnologia.No Brasil, o quadro é de estabilidade, mas com desafios próprios. A inflação de serviços mostra-se resistente ao movimento de queda da Selic, atualmente em 15%, o que mantém a política monetária contracionista. Ainda assim, a balança comercial apresenta resiliência: em agosto, o País registrou superávit de 6,1 bilhões de dólares, apoiado pela diversificação de mercado. “Essa combinação de cumprimento do arcabouço fiscal, superávit comercial e câmbio favorável dá alguma margem ao Banco Central para iniciar um movimento de baixa da taxa básica, mas a situação exige atenção. A inflação controlada é essencial para preservar o poder de compra, especialmente o das famílias de baixa renda”, avalia Balistiero.
O professor também chama atenção para os riscos do cenário internacional. “As eleições de meio de mandato, nos EUA, assim como as decisões da Suprema Corte e o intervencionismo crescente em setores estratégicos naquele país, criam incertezas nas cadeias produtivas globais. O Brasil precisa preparar-se para navegar nesse ambiente, mantendo a disciplina fiscal, a inflação dentro da meta e a taxa de câmbio sob controle”, afirma.
Por fim, sabemos que os próximos meses serão determinantes. “Monitorar a inflação estadunidense e os reflexos sobre os juros globais é essencial para manter a taxa de câmbio em níveis que auxiliem a inflação a convergir para a meta, com consequências na atração de investimentos e no custo de vida. O Brasil tem condições de atravessar esse período sem grandes solavancos, mas isso depende de escolhas firmes e consistentes de política econômica”, conclui Ricardo Balistiero, economista e professor do Núcleo de Negócios do Instituto Mauá de Tecnologia.
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